“A CACHORRA Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida.” Graciliano Ramos, Vidas Secas, 1938.
A personagem eternizada por Graciliano Ramos nos traz à tona uma realidade genuinamente brasileira. Não é apenas a história de uma cachorra que precisa ser sacrificada por conta da raiva, mas sim a miséria e o sofrimento de muitos brasileiros do sertão nordestino que precisaram deixar sua terra natal em busca de uma vida melhor.
É nesta realidade que o artista Marcos Paulo Lau da Costa encontra a inspiração para as suas criações. Conhecido como Marcos de Sertânia, ele é um importante representante da escultura em madeira no Brasil. Nasceu em Sertânia, Pernambuco, em 1974, e vem de uma família tradicionalmente de agricultores e também artesãos, que tinham como principal atividade produzir utensílios domésticos e esculturas de boi. Marcos decidiu evoluir essa tradição, e começou a retratar figuras esqueléticas pela fome provocada pela seca, marcadas por dramaticidade e tristeza.
Marcos é da nova geração de mestres artesãos que revolucionaram a arte popular brasileira com seu estilo único e lírico sobre a realidade do nosso povo. As formas exageradamente alongadas das figuras, sendo até desproporcionais, revelam o lirismo existente nesse sofrimento que é tão real e, que nessas peças, parece tangível. O artista já experenciou pessoalmente a falta de recursos para se ter uma vida mais confortável quando era mais jovem, então consegue expressar genuinamente essa realidade em suas peças
Marcos já foi comparado a Cândido Portinari, que eternizou a cultura nordestina em seus quadros repletos de sentimento. Suas esculturas estão em diversas partes do mundo, em galerias e projetos de arquitetos renomados.
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