Festival traz design e artesãos ao centro de SP em busca de revitalização

Design Week reúne expositores nas galerias Metrópole e Zarvos e no edifício Copan até este domingo

Matéria realizada e publicada por Caio Delcolli em https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2023/03/festival-traz-design-e-artesaos-ao-centro-de-sao-paulo-em-busca-de-revitalizacao.shtml

Para fugir do estigma de um centro degradado e perigoso, designers se apropriaram de espaços nas galerias Metrópole e Zarvos e no edifício Copan, no centro de São Paulo, para montar suas sedes. Eles são alguns dos expositores da Design Week, a DW, que acontece até este domingo (19).

Na primeira galeria, estão as lojas Paiol, Ju Amora, Estúdio Niz e Des_Apê. Já na segunda, a de Paulo Alves e a Feira na Rosenbaum. E no Copan está a Boom SP Design.

Nos últimos anos, o designer Paulo Alves tem se empenhado para atrair colegas para o centro. “A gente está em uma região que tem um patrimônio incrível de arquitetura moderna”, diz.

Francesco Missoni – Boom SP Design – Divulgação

“Tem uma quadra triangular com as avenidas Ipiranga e São Luís e a rua Consolação. Você tem o edifício Copan e tantos outros que são importantíssimos e históricos. A gente tem mania de abandonar o centro e ir para fora da cidade, mas é preciso ocupar esse lugar.”

Alves defende que o melhor público para ocupar de maneira decisiva a região são os criativos —ele comemora, por exemplo, a chegada da livraria Megafauna, em 2020, e o Bar da Dona Onça, em 2008, ao térreo do edifício projetado por Oscar Niemeyer.

Alves se uniu a iniciativas, durante a feira deste ano, como exibição de documentários sobre designers e arquitetos brasileiros, além de expor em sua loja a coleção “Tesouros do Brasil”, fruto de uma parceria com a loja de tapetes By Kamy em que a fauna brasileira é retratada em peças feitas a partir de tramas descartadas.

Juliana Amorim, da Ju Amora, especializada em pinturas à mão em bancos, conta ter mudado de Perdizes, na zona oeste, para a galeria Metrópole em 2021, em meio a uma das piores fases da pandemia.


“Eu vim para cá justamente por esse lugar ter sido atingido tão negativamente pela pandemia. Aqui, eu senti uma energia de transformação, junto com os outros criativos que fizeram o mesmo movimento”, diz.

Ela diz que o poder público é, em parte, responsável pela revitalização da área, mas acredita que as pessoas podem fazer a diferença individualmente, a despeito disso.

“A gente precisa melhorar o nosso entorno, não só pelos designers, mas por todo o centro, que é um patrimônio. A função dele precisa ser revivida”, afirma.

Amorim e Lucas Lassen, da Paiol, colega de galeria, fizeram uma parceria para promover uma mistura cultural e criativa. Com as coleções “Cores e Mãos do Cerrado” e “Cores e Mãos do Sertão”, eles mostram diferentes linguagens se retroalimentando nas peças.

A primeira coleção cruza o artesanato em cerâmica do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, com os traços delicados de Amorim, por sua vez paulistana. A segunda tem mesas e bancos feitos em Alagoas, produzidos com madeiras resgatadas do fundo do rio São Francisco, em que a artista fez pinturas que remetem ao folclore da Ilha de Ferro, povoado próximo.

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