Ursa risonha e Olinda

Isolamento fez jornalista se descobrir como artista

Aline Feitosa focou no trabalho com barro, que sempre esteve presente em sua vida.

Aline Feitosa

QUEM É 

Aline Feitosa é formada em Jornalismo, profissão na qual atuou por 25 anos em Olinda, PE. Agora se dedica a criações artesanais à frente do Pequeno Ateliê, no mesmo Estado.

Uma ursa risonha, a pureza das crianças e uma brincadeira popular marcam o Carnaval pernambucano todos os anos. A La Ursa passa e quer dinheiro para brincar, atestando o quanto o brasileiro envolve suas festas com cor e folclore. Mas não só os festejos do país são coloridos. O casario de Olinda está perto com mais tonalidades alegres e suas platibandas. Um patrimônio que evoca as memórias de Aline Feitosa.

Depois de 25 anos atuando como jornalista, ela descobriu que esses ícones se tornariam um novo rumo em sua vida. “Olinda é um lugar cosmopolita e a arte pulsa muito aqui. O Carnaval é criativo, tem uma pegada política forte”, ela conta, sempre atenta e envolvida no cenário cultural da cidade. E foi natural quando a pandemia interrompeu seu trabalho jornalístico, que ela desse abertura a essa arte pulsante.

Pouco antes que o mundo se fechasse, ela resolveu dar vazão ao trabalho com o barro, que sempre esteve presente em sua vida. Na época, Emmanuel Cansanção, artista pernambucano, foi quem deu um empurrão para que isso acontecesse. “Comecei a fazer cerâmica como hobby até que um dia meus amigos passaram a querer comprar”, ri.

Quando a pandemia se instalou, os trabalhos no jornalismo foram por água abaixo e o plano B parecia perfeito para não enlouquecer com as horas vagas. “Foi impressionante que a notícia se espalhou sem que eu divulgasse ou fizesse assessoria de imprensa para mim mesma. A La Ursa foi a primeira peça e não parei mais”, conta.

A peça ficou popular nas redes sociais sem muito esforço de divulgação.

Depois veio à mente o casario de Olinda, com as platibandas – recursos da arquitetura para esconder o telhado, na fachada, muito usado antigamente. “Amo passear pelo centro histórico de Olinda. Comecei a moldá-las em miniaturas e deu certo”. Atualmente, Aline produz em média 300 peças por mês, entre La Ursas e casinhas – que se tornam cachepôs de plantas, outra grande paixão dela.

As curvas do casario de Olinda viraram arte nas mãos de Aline

As pessoas me pedem para fazer a casa de sua avó, ou a que viveram na infância e assim entro na história delas. Conservar a memória e um patrimônio como esse no Brasil é extremamente importante.

Ícones brasileiros

Quando um cachepô de plantas se alia a histórias populares brasileiras, adiciona uma camada mais interessante à decoração. “A riqueza de detalhes, as cores vivas e toda a representação da cultura popular faz com que o trabalho da Aline se destaque entre outros jovens artistas”, conta Lucas Lassen, curador e diretor criativo da Paiol, que vende suas criações.

“Nesses dois anos vendi seis mil itens. De forma muito natural, muito linda, tudo aconteceu. Sempre trabalhei com arte e me alimentei disso a vida toda. Agora sou a Aline artista”, ela diz, animada.

Veja as obras de Aline Feitosa

Nova geração mantém viva a tradição da cerâmica, em Minas Gerais

Artesãs da geração Z são estimuladas por meio da parceria com grandes marcas de decoração e da atualização dos produtos que confeccionam

Cibele e Jaqueline Dias de Souza são irmãs e da quinta geração de artesãs da família. divulgação/CASA CLAUDIA

A tradição da transformação do barro em cerâmica está ganhado novas guardiãs no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Jovens entre 16 e 25 anos, filhas, netas, bisnetas e tataranetas de artesãs que, mesmo imersas no universo tecnológico da geração Z, que são os nascidos após 1995, entenderam o artesanato como uma ferramenta de afirmação da identidade. “O barro e o que vem a partir dele é o reflexo do nosso cotidiano. Não tem como fugir, porque para Lodo canto que você olha tem cerâmica”, afirma Cibele Dias de Souza, de 21 anos, que nasceu na zona rural de Turmalina, e que faz parte da quinta geração de ceramistas da família.

A artesã Jaqueline Dias de Souza, de 25 anos, irmã de Cibele, até tentou seguir outros caminhos profissionais, mas a paixão, segundo ela, está no sangue. Com formação técnica em agropecuária, ela trabalhou por sete anos como educadora social até 2021, o que lhe garantia uma fonte de renda maior. “Quando comecei, o artesanato não era tão valorizado como é hoje. Poucos artesãos conseguiam viver bem apenas com o artesanato, mas agora, graças a novos projetos e parcerias, a situação parece estar mudando e fazendo com os jovens daqui vejam essa atividade com outros olhos”, afirma.

Anísia Lima de Souza, artesã e mãe de Jaqueline e Cibele. divulgação/CASA CLAUDIA

Segundo Anísia Lima de Souza, artesã e mãe de Jaqueline e Cibele, alguns fatores contribuem para essa mudança de percepção das filhas e de outros jovens artesãos dessa faixa etária. O desenvolvimento de oficinas, a parceria com grandes marcas de decoração e a criação e atualização de suas linhas de produtos são alguns deles. “Quando nós achamos que a pandemia nos colocaria em dificuldades, fomos surpreendidos com a chegada de pedidos grandes para marcas como a Camicado, TokStok e a Casa Bonita”, revela.

As parcerias foram moldadas por Lucas Lassen, fundador e diretor criativo da Paiol, loja de artesanato que atua há 15 anos em São Paulo e que reúne peças do Brasil inteiro. Acostumado a percorrer o país fazendo curadoria para a própria loja e consultorias criativas para outras marcas, ele se encantou com o Vale há 12 anos por conta dos tradicionais filtros de barro. Em 2020, a relação se estreitou tanto com a comunidade que ele decidiu se mudar para Campo Buriti, reduto de mestres e renomados artesãos na zona rural de Turmalina.

*Embora eu já tivesse uma relação profunda com algumas artesãs, quando me instalei lá eu pude entender melhor o cotidiano, a importância da cerâmica no contexto social e familiar e também as dificuldades delas. Foi quando percebi que junto com elas, nós poderíamos desenvolver um trabalho inovador promovendo parcerias e trocando experiências para conquistar mais mercado de forma criativa”, afirma.

A primeira coleção, chamada Branco no Branco, desenvolvida pelas artesãs para a Camicado, incorporou um novo padrão de cores e novas formas às peças. As criações foram premiadas em 2020 na 7º edição do Prêmio Objeto Brasileiro, premiação bienal promovida pelo Museu À CASA do Objeto Brasileiro e que reconhece trabalhos artesanais do Brasil inteiro.

Ainda segundo Lucas, embora a relação com o barro, que se fortalece por gerações, faça com que essas artesãs se sintam apaixonadas pelo que fazem, o fator econômico também é importante para mantê-las em plena atividade. “É importante ressaltar que a tradição está sendo renovada também do ponto de vista criativo. Essa geração é estimulada com informações o tempo todo e, obviamente, isso se reflete na forma como elas lidam com o trabalho, o que facilita a incorporação de novos olhares nas coleções”, afirma.

Adriely Nunes Lima cursa fotografia e pretende usar seus conhecimentos para dar ainda mais visibilidade ao Vale. divulgação/CASA CLAUDIA

Apaixonada por tudo o que remete ao universo das artes, Adriely Nunes Lima,22 anos, é filha, neta e bisneta de artesãs. Porém, até pouco tempo atrás, mesmo tendo passado a infância fazendo pequenas peças, não se via como
artesã. Cursando o terceiro período da faculdade de fotografia, ela pretende conciliar as duas profissões para melhorar a visibilidade do Vale.

“Muita gente reconhece as peças, mas não conhece o Vale, por isso além do artesanato escolhi a fotografia para poder levar às pessoas a visão de uma pessoa que nasceu, cresceu e vive aqui. Outra questão importante está no fato de que ter boas imagens das peças e da comunidade ajuda a criar uma percepção melhor do nosso trabalho”, completa Adriely.

Andressa Silva Xavier assinou uma coleção de cerâmica aos 16 anos. divulgação/CASA CLAUDIA

O impacto destes novos olhares já começaram a surgir. Andressa Silva Xavier, de apenas 16 anos, é da quinta geração de artesãs da família. É ela a autora de uma nova coleção de cachepôs e enfeites de cactos que podem ser usados na mesa e na parede e que devem ser lançados em breve pela Paiol. “O desafio de criar uma coleção partiu do Lucas, que tem estimulado essa renovação do Vale e que desde a pandemia tem deixado todo mundo com tanto trabalho que decidi me aventurar também”, finaliza.

111 anos do nascimento do maior poeta popular do Brasil: Patativa do Assaré

Artigo: O ser tão Patativa do Assaré

“05 de março de 2020 comemora-se os 111 anos de nascimento do maior poeta popular do Brasil: Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré. Para comemorar esta data, o Governador Camilo Santana sancionou em 2018 duas importantes leis de valorização da obra e da vida do poeta. A Lei nº 16.510/2018 que inclui a “Festa de Patativa do Assaré” (no dia 5 de março, em Assaré) no calendário oficial do Turismo e Cultura do Estado em parceria com a Prefeitura Municipal de Assaré e a Lei nº 16.511/2018 que cria a “Comenda Patativa do Assaré”, destinada a agraciar pessoas que tenham prestado ou prestem notórios serviços em prol do desenvolvimento da cultura popular e tradicional brasileira.

Na data de hoje estamos celebrando a vida e a obra de Patativa em sua cidade natal, realizando a entrega da Comenda e lançando o livro “O melhor de Patativa do Assaré”, organizado pelo professor Gilmar de Carvalho. Os agraciados da Comenda neste ano foram o cineasta Rosemberg Cariry; o pesquisador e jornalista Gilmar de Carvalho; a cordelista Josenir Lacerda; o cantor e compositor Raimundo Fagner; e o pesquisador e escritor Oswald Barroso.

O livro “O melhor do Patativa do Assaré”, editado pelas Secretarias da Cultura e da Educação do Estado do Ceará em parceria com a Fundação Instituto Patativa do Assaré e organizado pelo professor Gilmar será distribuído em escolas, bibliotecas, dentre outros espaços educativos e culturais. Mas o objetivo é estabelecer o contato e o tato de crianças e jovens, de professores e estudantes com a obra de Patativa do Assaré para que possam ler em voz alta e com o coração livre a sua poesia que diz tanto da gente por estar tanto em nós.

Patativa do Assaré é um intérprete do sertão e do sertanejo. O sertão está dentro de Patativa e ele dentro do sertão. Atravessa e é atravessado pelo sertão. Toda sua obra é uma travessia sertaneja de tradução e de criação literária de seu chão e de seu lugar no Brasil a partir do sertão caririense, cearense e nordestino. O sertão é sua geografia e seu tempo. O sertão é o seu grande livro aberto.

Patativa do Assaré é um clássico. E como tal, sempre o estaremos lendo e relendo-o, revistando-o e redescobrindo sua obra porque ela já faz parte de nosso inconsciente coletivo, de nossa memória social, de nossa identidade e patrimônio cultural.”

Texto de: 
Fabiano dos Santos Piúba
Secretário da Cultura do Estado do Ceará
Autor do livro Patativa do Assaré – o poeta passarinho. Editora Demócrito Rocha.

8M: as mulheres da arte popular brasileira!

No Dia Internacional da Mulher não poderíamos deixar de fazer uma seleção de obras de algumas artistas incríveis do nosso país! 

A arte tem sido responsável pelo empoderamento financeiro de muitas mulheres que sustentam a família com a renda desse trabalho.

Cerâmica, crochê, madeira, tecido, pintura, papel, bordado e tantos outros materiais são transformados pelas mãos das artistas e a PAIOL trabalha para levar esses trabalhos para o maior número de pessoas possível!

Cida Lima

Com apenas oito anos de idades, Cida Lima começou a moldar o barro para ajudar a família no sustento da casa, em Belo Jardim, Agreste de Pernambuco. Já trabalhou como faxineira e viu a vida dar uma guinada quando criou as cabeças. O sucesso das cabeças de cerâmica foi imediato! Hoje ela diz que se sente realizada e que nunca pensou chegar onde chegou com seu trabalho manual. 

Carolina Leão

Carolina é formada em Artes Plásticas pela UFBA e seguiu a carreira dando aula para crianças do ensino fundamental, mas viu em seu hobby uma forma de empreender! Para se dedicar mais à arte, precisou deixar a sala de aula. Começou usando o material que tinha acesso: papel machê. Com o tempo foi conhecendo pessoas, fazendo parcerias e sendo reconhecida. Seu trabalho ganhou visibilidade e passou a ser comercializado em vários estados brasileiro. Hoje ela conta com ajuda da família e de uma funcionária, ex-aluna, em seu ateliê montado em casa.

Mulheres do Vale do Jequitinhonha

A arte dessas mulheres é única e poderosa, pois transformou a vida de muitas delas, empoderando famílias inteiras.

O Vale do Jequitinhonha é uma região no norte do estado de Minas Gerais e a produção ceramista local é tradicionalmente feita por mulheres como forma de renda para superar as adversidades locais. Ali desenvolveu-se em uma estética singular! Artistas como Zelia, Elizangela, Lilia e Anísia Lima criam vários produtos como os das fotos, entre tantos outros. Hoje, filhas das artistas já seguem os passos das mães, num trabalho que passa por gerações!

Nené Cavalcanti

Nené Cavalcanti, artista que assina essas bonecas lindas, nasceu em Alagoa Nova, Paraíba. Teve uma vida simples no sertão e usava barro para suas brincadeiras de infância. Esse foi o primeiro contato com a modelagem. Depois de atuar em outras áreas, formou-se em artes plásticas e voltou ao seu passatempo de infância, mas dessa vez para revelar definitivamente seu talento como ceramista.⠀

O trabalho de Nené virou referência estética no estado e já ganhou vários prêmios. A artista tem o feminino como o seu principal tema e coloca no barro metais reciclados sem perder a delicadeza.⠀

Ana das Carrancas - Pernambuco

Mulheres artistas de Grão Mogól - Minas Gerais⠀

Mestra Neguinha - Pernambuco

Figureiras de Taubaté⠀

Conheça a origem e os benefícios do Filtro de Barro!

Os filtros de barro, originalmente, têm carinha de casa de vó. Para muita gente, a peça tem um significado afetivo, lembra infância e a cozinha dos avós, com água sempre fresca.

Muito tradicional, o Filtro de Barro existe no Brasil desde cerca de 1910. Inicialmente era produzido pelos italianos e portugueses que chegaram em São Paulo. As velas para filtrar água já existiam na Europa e foram trazidas por esses imigrantes.

A história não tem registros da identidade da pessoa que fez o primeiro Filtro de Barro, mas é possível que a peça – no formato tradicional que conhecemos, seja uma invenção brasileira, evolução das moringas de origem indígena.

Como o barro mantém a água até 5 graus abaixo da temperatura ambiente, o sucesso dos filtros foi imediato.

Os benefícios

Entre os benefícios do filtro de barro está a facilidade em manusear e manter, não precisar de energia para funcionar e a montagem ser simples. Com tudo instalado e pronto, é possível ter água potável e fresca sem a necessidade de fervura ou aplicação de produtos químicos.

Com a peça você não precisa mais comprar galões de água, diminui o descarte de plástico na natureza, tem sempre água fresquinha com pureza e sem gerar mais custos mensais.

A qualidade e eficiência no processo de tratamento da água dos filtros de barro são comprovadas internacionalmente.

Para a manutenção, não é preciso usar nenhum tipo de produto químico na limpeza da vela. Uma esponja suave é suficiente e não deve se forçar a limpeza para não prejudicar a base. É importante anotar o dia em que a vela foi instalada para que se saiba quando fazer a troca: a cada seis meses ou pelo menos 500 litros de água filtrada.

É super comum a água apresentar sabor característico nos primeiros litros filtrados, mas isso desaparece com o tempo. Por isso é importante descartar a primeira filtragem, pois ela limpa o filtro e ativa a vela. Depois dessa primeira filtragem você já pode beber água limpa e saudável!

Vale do Jequitinhonha

Os famosos filtros feito por mulheres do Vale do Jequitinhonha que ilustram este post vieram para abandonar o conceito de ser “brega” ter um filtro de barro! Com tamanhos, cores, estampas e formatos diferentes, as mulheres produzem com suas próprias mãos filtros maravilhosos e exclusivos.

Desde o processo de moldar a peça até a pintura, tudo é feito artesanalmente, respeitando o tempo de secagem e de produção das peças.

Uma das tantas mulheres que produzem esse trabalho é a ceramista Anísia Lima. Confira no vídeo um pouco do trabalho maravilhoso dessa artista!

O que é a Quarta-feira de Cinzas?

Quarta-feira de Cinzas é a data que marca o início da Quaresma no calendário Cristão ocidental.

Foi instituída há muito tempo na igreja e ocorre 40 dias antes da Páscoa – sem contar os domingos.

A data é entendida pela Igreja como o início de um período de devoção marcado por orações e jejuns, como parte da penitência que todo cristão deve realizar, segundo os princípios da Igreja Católica.

Simbologia

Além de ser o primeiro dia da Quaresma, a Quarta-feira de Cinzas encerra o Carnaval. Conhecido como a celebração da carne, ao longo da história o Carnaval ficou marcado por ser um período de muitas festas e consumo de bebida e comida. Diante disso, a Quaresma convoca os cristãos para um período de orações e jejum.

Na Quarta-feira de Cinzas, a Igreja Católica realiza uma missa especial onde os fiéis recebem uma marca em forna de cruz na testa, feita com cinzas.

Foto: Wesley Almeida/ cancaonova.com

Esta marca é um símbolo justamente para a reflexão sobre a mudança de vida, o arrependimento, reconhecimento da nossa mortalidade e que necessitamos da graça divina para perdoar nosso pecados.

Durante a quarta-feira de cinzas os católicos são orientados a fazer jejum ou no mínimo ficam sem comer carne.

Significado

As cinzas usadas na missa vêm de ramos abençoados e queimados no domingo de ramos do ano anterior. Elas simbolizam a morte.

Assim como os ramos que eram vivos e viraram pó, um dia nós iremos morrer e os nossos corpos também serão apenas cinzas, segundo a tradição cristã.

Para os antigos judeus, sentar-se sobre as cinzas significava arrependimento dos pecados e volta para Deus.

A imposição de cinzas surgiu na Igreja Primitiva e foi incorporada como um ritual sacramental da Igreja Católica por volta do século XI.

Carnaval Brasileiro

Vimos neste post aqui que o Carnaval não é uma invenção brasileira. 

Comemorado em muitos lugares do mundo, chegou no nosso país com os colonizadores – por meio do “’entrudo”, uma brincadeira popular em Portugal.

A prática se estabeleceu no país e foi muito popular, mas desapareceu aos poucos  por conta da repressão contra a brincadeira. Nela, pessoas sujavam as outras com água, farinha, terra e até coisas podres.

Entrudo em Arraias (TO). Fonte: Portal UFT

Com o passar do tempo o Entrudo deixou de ser festejado e deu lugar ao Carnaval com bailes e desfiles glamourosos. 

Como era algo para a elite, onde se cobravam valores altos para entrar nos clubes e bailes, as classes baixas começaram a festejar nas vias públicas.

Assim foram surgindo os blocos, grupos de maracatus, frevos e escolas de samba.

A partir daqui, o Carnaval assumiu a posição de maior festa popular do Brasil!

Desfiles

Alberto Ikeda, pesquisador de música e cultura popular brasileira, professor colaborador do programa de pós-graduação da ECA-USP e aposentado pelo Instituto de Artes da Unesp explica que no século 19 começaram a surgir clubes e sociedades carnavalescos no Rio de Janeiro, onde pessoas de elite se juntavam para uma espécie de desfile de carros alegóricos. Por influência dos negros, a banda foi substituída por baterias de escola de samba.

“Enredo: nota… deeeez”
A disputa por agremiações, como acontece hoje, é algo bem mais recente. A competitividade das sociedades carnavalescas deu origem a essa disputa. “O carnaval que a gente tem hoje começa ao final da década de 1920, quando surge uma escola de samba no Rio chamada Deixa Falar, e logo em seguida, em 1929, a Mangueira. A partir de 1933, há grupos suficientes para começar a ter uma espécie de competição, com o desfile das escolas de samba, que contam predominantemente com a presença negra“, explica Alberto Ikeda.

Na época o Rio de Janeiro era a Capital do Brasil e por isso era uma referência cultural, o que ajudou a espalhar o costume para outras cidades.

As escolas de samba passaram a se tornar uma importante atividade comercial e a partir da década de 1960 empresários começaram a investir na tradição cultural. Em seguida, a Prefeitura do Rio de Janeiro e a de São Paulo criaram estrutura para o evento.

Em 1984 foi criado o Sambódromo (ou a Passarela do Samba) no Rio, com desenho arquitetônico de Oscar Niemeyer.

Foto: rio-carnival.net

Além das escolas de samba

O Carnaval é comemorado de diversas formas pelo Brasil. 

Diferente dos desfiles do Rio e de São Paulo, na Bahia surgiram os afroxés (ritmo musical).

Em Pernambuco a festa conta com os bonecos gigantes.

O Carnaval da Bahia é um dos mais animados do país, em especial em Salvador!

Tem ainda o frevo em Recife e o maracatu em Olinda.

De onde surgiram os Bonecos Gigantes de Olinda?

Construir bonecos gigantes é uma tradição que surgiu na Europa, por volta da Idade Média, onde eram utilizados em procissões em forma de santos católicos.

Chegaram ao Brasil, especificamente em Pernambuco, com os europeus. Na cidade de Belém de São Francisco, sertão do estado, um padre belga contava sobre a tradição dos bonecos, despertando a curiosidade e imaginação do povo.

Um jovem sonhador que ouvia as histórias do padre sobre o uso de bonecos nas festas religiosas da Europa quis fazer igual. Assim, o primeiro boneco chamado Zé Pereira foi às ruas durante o carnaval de 1919.

Em 1929 surgiu a boneca companheira de Zé, batizada de Vitalina.

Eles eram confeccionados de papel machê e madeira.

Olinda

De Belém de São Francisco, os bonecos ganharam as ladeiras de Olinda poucos anos depois. Confeccionado pelos artistas plásticos Anacleto e Bernardino da Silva, surgiu o Homem da Meia Noite.

Segundo o conhecimento popular, todos os dias, exatamente à meia-noite, um homem muito bonito seguia a pé pela Rua do Bonsucesso. Ele fazia sempre o mesmo caminho. Depois de um certo tempo, as moças da rua descobriram a rotina dele e passaram a esperar, escondidas, atrás das janelas, para admirar o belo homem que atravessava a rua.

A fama desse costume foi se espalhando e virou uma brincadeira de carnaval.

Fizeram um boneco bem grande, todo bonito e elegante, de terno, gravata e chapéu, para passar à meia-noite, começando a festa de carnaval, na sexta-feira. Curiosidade: até hoje, o boneco faz o mesmo percurso do Homem da Meia-Noite. Depois dele, surgiram a Mulher do Meio-Dia, o Menino da Tarde entre outros.”*

programacaoFoto: carnavalrecife.com.br

Assim, virou tradição a criação do Encontro dos Bonecos Gigantes, onde vários bonecos de diversos artistas se encontram para um grande desfile pelo sitio histórico de Olinda na terça de carnaval.

Nova Geração dos Bonecos

Em 2008, o empresário e produtor cultural Leandro Castro criou uma nova geração dos Bonecos Gigantes, junto com uma equipe de artistas. Juntos construíram grandes nomes da história e cultura brasileira, além de personalidades mundiais como: Mauricio de Nassau, D. Pedro I, Lampião, Michael Jackson, Luiz Gonzaga, Ariano Suassuna, Dominguinhos, Chacrinha, Alceu Valença, Chico Science, Elba Ramalho, Pelé, Jô Soares, Neymar, Os Beatles, Rita Lee, Roberto Carlos, David Bowie, Elvis Presley, ente outros.

Sineide e Leandro Castro

Como a nova geração dos bonecos tem impressionado muito pelo realismo das expressões faciais e figurinos, ganharam o título de museu de cera popular itinerante.

Os artistas conseguiram o realismo das expressões com os materiais usados: matriz moldada em argila e depois uma aplicação em fibra de vidro, material mais leve e duradouro. As mãos dos bonecos são de isopor, para não machucar os foliões durante as apresentações.

A altura média é de 3,90m.

Embaixada de Pernambuco

Em Recife os bonecos permanecem em exposição o ano inteiro na Embaixada de Pernambuco – Bonecos Gigantes de Olinda localizada na Rua Bom Jesus, 183 no Recife Antigo.O acervo da Embaixada atualmente ultrapassa mais de 340 bonecos.

Fotos: http://www.bonecosgigantesdeolinda.com.br

A Embaixada de Pernambuco dos Bonecos Gigantes de Olinda nasceu da necessidade do turismo de Recife e Olinda em receber turistas e locais para contemplar a nova geração dos Bonecos em um espaço cultural o ano todo, não somente no carnaval.

A visita é monitorada por um guia. 

Passaporte:
Adultos R$ 15,00 (Quinze reais).
Criança com até 12 anos de idade acompanhada pelos pais entra de graça.
(Limitado a 02 crianças por família)
Consulte valores para grupos pedagógicos.

Horário de Funcionamento:
Diariamente das 08:00h às 18:00h.
Abre nos feriados – exceto no Carnaval (do sábado até a terça), 25 de dezembro e 01 de janeiro.

Contato: 55 (81) 3441.5102 / 98775.0540 (TIM / WhatsApp)
E-mail: leandro@bonecosgigantesdeolinda.com.br

*Trecho retirado de: http://www.ebc.com.br/infantil/voce-sabia/2013/02/qual-a-origem-dos-bonecos-gigantes-de-olinda

Fonte: Fontes: wikipedia, bonecosgigantesdeolinda.com.br, EBC

Bonecos de Olinda em mandeira, disponível na loja Paiol

História do Carnaval

Já estamos na metade do mês de fevereiro e o pensamento mais frequente agora é: tá chegando o Carnaval!!

Origem

Tradicional festa popular, o Carnaval é realizado em muitos lugares do mundo, mas só no Brasil ele é o mais celebrado! Sua origem remonta à Antiguidade. É uma herança de várias comemorações realizadas por povos como egípcios, hebreus, gregos e romanos. A festa pagã era realizada para celebrar as grandes colheiras e louvar divindades.

Muitos pesquisadores explicam que a palavra “Carnaval” vem da expressão latina: carnem levare, que significa “retirar ou ficar livre a carne”. Isso porque, já na Idade Média, a festa foi incorporada pela Igreja Católica como uma forma de aproveitar os últimos dias de “liberdade” antes do jejum da Quaresma.

Nos 40 dias antes da Páscoa era proibido o consumo de carne.

A variação na data do Carnaval é porque o calendário está ligado diretamente à Páscoa que acontece no segundo domingo de Abril. Desta data, 46 dias (40 da Quaresma e seis da Semana Santa) antes, no calendário, é a quarta-feira de cinzas.

A Festa

A comemoração do carnaval foi ficando diferente em cada país católico que manteve a celebração. No Brasil sofreu forte influência de uma folia Portuguesa e de outros países.

MARCHINHAS:

Na década de 1930 e 1950 as marchinhas surgiram. Ó Abre Alas é considerada a primeira canção escrita especialmente para um bloco de Carnaval. No final do século 19 surgiram os blocos carnavalescos. 

TRIO ELÉTRICO

Já o trio-elétrico é algo bem brasileiro, que surgiu em 1950 quando os músicos baianos Dodô e Osmar saíram tocando pelas ruas de Salvador, em um Ford 29 com dois alto-falantes. A novidade fez sucesso e no ano seguinte os músicos, conhecidos como “dupla elétrica”, convidaram Themístocles Aragão para seguir junto e assim formaram um “trio elétrico”.

BLOCOS DE RUA

Os blocos de rua surgiram em meados do século 19, quando o sapateiro português José Nogueira de Azevedo Prates, o Zé Pereira, saiu pelas ruas do Rio de Janeiro tocando um bumbo. A brincadeira atraiu a atenção dos foliões que foram se juntando ao músico.

FANTASIAS

A tradição de se fantasiar veio dos bailes de máscaras, tradicionais na nobreza em alguns países da Europa. A partir do século 19 as fantasias começaram a se tornar populares.

                                                                 Fonte: Super Interessante

Você sabe do que é feito o TUCUPI?

O Brasil é um país grande, com a culinária muito rica, saborosa e diversificada. Cada estado do país tem seus pratos típicos e a maioria é uma mistura de influências europeias, indígenas e africanas.
Muitas receitas e formas de preparar os pratos são herdados dos indígenas, mas que sofreram adaptações e modificações dos portugueses e dos escravos que vieram da África. Cada povo substituiu ingredientes e técnicas à sua maneira.

Hoje trouxemos um pouco da história de um caldo muito típico da região norte do país! Um prato bem brasileiro!!!

Tucupi

Principal ingrediente do Pará, região norte do país, o tucupi é extraído do suco da raiz da mandioca-brava ralada e espremida. Depois de extraído, esse caldo descansa para que o amido se separe do líquido (este líquido é o tucupi). Em seguida ele precisa ser fervido e fermentado demoradamente para perder o ácido venenoso para, então, ser usado como molho.

A goma que se separa do tucupi é o amido, conhecido como polvilho. Vira tapioca, é usado no pão de queijo e em muitas outras receitas.

Foto: Renata Baía

Características

De cor amarela, o Tucupi tem sabor e cheiro marcantes, caracteristicamente ácido.

Ele recebe temperos como alho e ervas aromatizantes regionais, tais como o coentro, chicória e alfavaca, antes de ser comercializado ou utilizado na culinária.

Alex Atala, famoso chef brasileiro é um admirador do tucupi.
É bom com tudo, de qualquer jeito, quente, frio, na pimenta. Eu sei que no Pará se usa muito, mas o Brasil ainda desconhece e ainda existe um certo preconceito pelo desconhecimento, mas o tucupi está ganhando cada vez mais espaço no Brasil”, comenta. Para ele, o tucupi pode ganhar o status de “shoyo do novo século”.

Foto: Ronaldo Rosa

Origem

De origem indígena, é um dos ingredientes marcantes da culinária da região norte do Brasil. No sudeste ainda é considerado exótico por seu sabor marcante.

“Reza a lenda que Jacy (a Lua) e Iassytatassú (Estrela d’alva), combinaram visitar o centro da Terra. Quando foram atravessar o abismo, Caninana Tyiiba (uma cobra) mordeu a face de Jacy.
Jacy derramou suas lágrimas sobre uma plantação de mandioca. Depois disso o rosto de Jacy ficou marcado para sempre pelas mordidas de Caninana. A partir das lágrimas de Jacy, surgiu o tycupy (tucupi).” 

Foto: Renata Baía

Receitas

As receitas mais famosas que utilizam o tucupi pronto e temperado são:

Pato no Tucupi
Tacacá
Arroz Paraense

Foto: Ronaldo Rosa

                                              fonte: embrapa e wikipedia