No Vale do Jequitinhonha, novas gerações de artesãs mantém vivo o saber-fazer ancestral da cerâmica

Enaile Almeida e Laura Portugal sob orientação de Alessandra Dantas e Luiza Glória. (site UFMG.BR)

No Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, a cerâmica é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do estado. Para diversas famílias, os processos de transformação do barro representam uma força ancestral de cultura e renda. Nessas comunidades, jovens artesãs têm garantido a conservação das tradições do artesanato do vale possibilitando que esse conhecimento siga ecoando para as novas gerações. Esse cenário foi apresentado na reportagem da Rádio UFMG Educativa, que trouxe os relatos das artesãs Andreia Andrade e Cibele Dias, além da perspectiva do fundador da loja de artesanato Paiol, Lucas Lassen. 

Herança Cultural 
 
Muitas das jovens que hoje se dedicam aos processos de transformação do barro são herdeiras das grandes mestras da cerâmica do Vale. Uma delas é Andreia Andrade, do Vale do Araçuaí. Sua avó, Isabel Mendes da Cunha, ou Dona Isabel, é internacionalmente reconhecida como a maior “bonequeira” de Minas. Em sua comunidade, construiu uma verdadeira escola de arte, onde diversos familiares e amigos aprenderam as técnicas tradicionais da cerâmica. Criada em meio ao artesanato, Andreia Andrade desenvolveu o interesse pelo ofício ainda na infância, e hoje é uma das principais responsáveis pela preservação dos conhecimentos que herdou de Dona Isabel. “Muita gente sobrevive fazendo bonecas e minha avó sempre teve a disposição de ensinar. Esse é o mesmo interesse que eu tenho: ensinar. Em Santana, ela deu um ofício para muita gente”, compartilha a artesã.

Renovação e Tradição 
 
Mesmo buscando garantir a preservação das raízes da cerâmica, as novas gerações de artesãs exploram a reinvenção das técnicas tradicionais. De acordo com a artesã Cibele Dias, de 21 anos, “algumas práticas, como a pintura, mudaram muito nos últimos anos. É importante saber renovar sem abrir mão da tradição.” 

Escute a reportagem da Rádio UFMG Educativa: 

Produção 
Esta reportagem foi realizada por Enaile Almeida e Laura Portugal sob orientação de Alessandra Dantas e Luiza Glória. 
(Rádio UFMG Educativa)

BAZAR BENEFICENTE REÚNE MAIS DE 30 MARCAS EM PROL DE ABRIGOS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Por Angelo Miguel Oliveira Lima, matéria disponível no site Sala da Notícia
Fernanda Todesco e Alexandre Disaro
Bazar Decor Social – Foto Fernanda Todesco

Além de roupas, itens de decoração e comidinhas, o bazar também conta com evento de adoção de animais

No próximo final de semana, de 25 a 27 de novembro, acontece na Tidelli Pinheiros a segunda edição do Bazar Decor Social, organização sem fins lucrativos que realiza reformas em abrigos de São Paulo. “Nos últimos quatro anos, passamos por mais de dez abrigos, sempre com o objetivo de promover um ambiente de moradia saudável, alegre e acolhedor para crianças e adolescentes”, afirma a idealizadora e CEO da ONG Decor Social, Katia Perrone. 

Com curadoria de Cecília Rima, diretora da atacadista do setor de decoração Casa Bonita, o Bazar reúne 36 expositores das áreas de moda, beleza, pet, comidinhas, artesanato e decoração. “Por ser uma importante fonte de geração de recursos para o projeto, buscamos selecionar marcas que já têm essa preocupação com o social”, completa Cecília.

Kátia Perrone (à direita) e equipe do Decor Social

Nesta edição, o destaque fica para o setor de casa e decoração, trazendo o melhor do artesanato brasileiro, com marcas como Anesso, Paiol, Casa Bonita, Loja Oca, Estúdio Avelós, entre outros. “Como uma marca que trabalha diretamente com impacto social por meio da valorização do artesanato brasileiro, nós não poderíamos ficar de fora dessa iniciativa que reúne tantos criativos em prol de uma mesma causa”, afirma Zizi Carderari, diretora criativa do Estúdio Avelós. 

Os parceiros que participam destinam como doação uma parte de seu faturamento no evento. “Essa é uma oportunidade tanto para nós que vendemos, quanto para quem compra, porque é o tipo de evento onde todos ganham. Você tem a chance de sair com um objeto exclusivo, de altíssima qualidade e ainda apoiar uma causa que merece muita atenção”, revela Lucas Lassen, diretor da Paiol. 

Lucas Lassen, diretor criativo da Paiol – Foto Alexandre Disaro

Adoção de Pets

Em parceria com a ONG Ampara Animal, o evento deve receber animais resgatados, que foram abandonados ou vítimas de maus-tratos. Além da adoção de cães e gatos é possível comprar alguns produtos para os bichinhos. Os candidatos devem passar por uma entrevista que avaliará se estão aptos à adoção. 

Desde 2018, a Decor Social já realizou 11 projeto, impactando mais de 1 mil crianças e adolescentes, com o apoio de mais de 630 profissionais e voluntários, teve 150 ambientes decorados, mais de 300 empresas parceiras e impactou mais 4 mil pessoas.

Bazar Beneficente DECOR SOCIAL

Data: 25, 26 e 27/11 – Sexta, sábado e domingo               

Horário: das 10h às 19h

Local: Loja Tidelli Pinheiros – Av. Pedroso de Morais, 1684 – Pinheiros

Bazar beneficente reúne mais de 30 marcas em prol de abrigos

Da Redação 23/11/2022, matéria disponível no Blog do Amaury Jr.

A segunda edição do Bazar Decor Social, organização sem fins lucrativos que realiza reformas em abrigos de São Paulo, acontecerá do dia 25 a 27 de novembro na Tidelli Pinheiros. Com curadoria de Cecília Rima, diretora da atacadista do setor de decoração Casa Bonita, o Bazar reúne 36 expositores das áreas de moda, beleza, pet, comidinhas, artesanato e decoração.

(Foto: Fernanda Todesco/Divulgação)

Nesta edição, o destaque fica para o setor de casa e decoração, trazendo o melhor do artesanato brasileiro, com marcas como Anesso, Paiol, Casa Bonita, Loja Oca, Estúdio Avelós, entre outros. Os parceiros que participam doam uma parte de seu faturamento no evento para as ações do projeto. Em parceria com a ONG Ampara Animal, o evento deve receber animais resgatados, que foram abandonados ou vítimas de maus-tratos. Além da adoção de cães e gatos, é possível comprar alguns produtos para os bichinhos. Os candidatos devem passar por uma entrevista que avaliará se estão aptos à adoção.

Estúdio Avelós. (Foto: Manu Oristânio/Divulgação)
Projeto Desenvolvido em Abrigo – Sala + ambiente de estudos. (Foto Maria Inês Antich/Divulgação)
Loja Paiol. (Foto Alexandre Disaro/Divulgação)

GLMRM indica 4 roteiros culturais para se fazer a pé por SP

Esta é pra turma que gosta de respirar design, artesanato e passeios culturais. GLMRM indica 4 roteiros bacanas pra se fazer a pé por São Paulo, já que todos ficam próximos das estações de metrô Fradique Coutinho e Faria Lima, na Linha Amarela, e da estação Vila Madalena, na Linha Verde. Se joga!

1-Paiol

O espaço de presentes e decoração funciona desde 2007, com unidades na Rua Fradique Coutinho, na Vila Madalena e no Shopping Center 3 na Avenida Paulista. Contando com mais de 400 peças de diversas técnicas como cerâmica, madeira, palha, pedras e tecelagem, é possível encontrar artigos a partir de R$30,00, podendo serem compradas de forma presencial ou no site da loja.

Rua Fradique Coutinho, 172 – Pinheiros (3 minutos à pé da Estação Fradique Coutinho)
Contato: (11) 98486-8918 / @lojapaiol


2-Museu A CASA do Objeto Brasileiro

Ficando 10 minutos à pé da Estação Faria Lima do metrô, a instituição sem fins lucrativos é um ponto importante da valorização do “feito à mão” no que se refere ao design e artesanato brasileiro. Até o final de novembro, é possível conferir a exposição do “8º Prêmio Objeto Brasileiro”, evento bienal que visa contemplar o melhor da produção artesanal do país. Nesta edição, a mostra reúne cadeiras, vasos, esculturas, joias e roupas.

Avenida Pedroso de Morais, 1216 – Pinheiros
Contato: (11) 94254-1179 (Whatsapp) / @museuacasa

3-Ateliê Cristiane Mohallem

Com trabalhos reconhecidos em exposições pelo Brasil, Estados Unidos, Alemanha, Polônia e Itália, a artista Cristiane Mohallen produz em seu ateliê, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, bonitas peças em bordado e, no sábado (19), das 14h às 18h, recebe o público para visitação e para falar sobre sua técnica que usa agulha e tecido para criação de peças que remetem a pinturas realistas.

Avenida Brigadeiro Faria Lima, 1903 – Cj 45 (12 minutos à pé da Estação Faria Lima)
Contato: (11) 99567-1253 / @cristianemohallem

4-Estúdio Leh

Esta dica é pra quem quiser andar um pouquinho mais, mas vale a pena dar uma esticada até a Vila Madalena, para visitar o espaço. Arquiteta de formação, Maria Helena Emediato é uma apaixonada pelo artesanal baseada em sua infância vivida entre São Paulo e algumas cidades de Minas Gerais. Tenmdo como referência a cerâmica do Vale do Jequitinhonha, em seus trabalhos mais recentes, é possível encontrar esferas modeladas, pintadas e queimadas por artesãs que se misturam com esferas de diferentes tipos de madeira e pedrarias vários tamanhos, formando luminárias, colares, pulseiras e outras joias para o corpo e para a casa. Visitas são permitidas com agendamento.

Rua Girassol, 796 – Sala 05 (11 minutos à pé da estação Vila Madalena)
Contato: (11) 98199-8925 / @estudioleh

TOUR DESIGN E ARTESANATO EM SAMPA

Roteiro que pode ser feito à pé, inclui museu, loja e visitas a ateliês

Mesmo sendo a principal metrópole das Américas, quando se fala em turismo, a cidade de São Paulo costuma estar associada ao turismo de negócios e à agitação da vida noturna. Entretanto, um dos seus diferenciais está na grande oferta de atividades culturais. E para quem gosta de design, arte popular e artesanato, estar em São Paulo traz algumas vantagens, visto que é possível encontrar exposições, ateliês e lojas especializadas em artigos de todo o Brasil.

1 – PAIOL

Em funcionamento desde 2007, a Paiol é o endereço certo para quem busca por presentes e peças decorativas. Com duas unidades, uma na Rua Fradique Coutinho e outra no Shopping Center 3, a loja conta com mais de 400 peças de diversas técnicas e materiais como cerâmica, madeira, palha, pedras, tecelagem, entre outros. É possível encontrar artigos que partem de R$ 30,00, mas com grande valor cultural dentro das comunidades onde são produzidas. As peças também podem ser encontradas no site da loja.

Endereço: Rua Fradique Coutinho, 172, Pinheiros

Distância: 3 minutos à pé da estação Fradique Coutinho – Linha Amarela

Contato: (11) 98486-8918 WhatsApp | @lojapaiol

2- Museu A CASA

O Museu A CASA do Objeto Brasileiro é uma instituição sem fins lucrativos que promove diversas iniciativas de valorização do artesanato e do design brasileiro. Geralmente, suas exposições e eventos trazem trabalhos que resultam da perfeita união entre design e artesanato. Localizado na Pedroso de Morais, até o final de novembro o museu apresenta a exposição do 8º Prêmio Objeto Brasileiro, evento bienal que premia e expõe o melhor da produção criativa brasileira. Nesta edição são 22 objetos de todas as regiões do país, entre cadeiras, vasos, esculturas, joias e roupas.

Endereço: Avenida Pedroso de Morais, 1216, Pinheiros

Distância: 10 minutos à pé da estação Faria Lima – Linha Amarela.

Contato: (11) 94254-1179 WhatsApp | @museuacasa

3 – Ateliê Cristiane Mohallem

Para quem deseja ter uma experiência com o bordado, a artista Cristiane Mohallem realiza um dia de visitação ao seu estúdio, onde recebe o público, interage e apresenta um pouco de sua técnica na qual usa a agulha e a linha para “pintar” telas realistas. Psicóloga de formação, Cristiane começou a pintar quando realizava trabalhos de Arteterapia com seus pacientes. Mais tarde, já trabalhando de forma autoral, ela passou a utilizar a linha como tinta e o tecido como tela, o que acaba resultando em obras que, à primeira vista, parecem pintura, mas que com um pouco mais de proximidade se revelam como bordado. Os alinhavos sobrepostos em cores distintas trazem toda a sensação de luz e sombra evidenciado nas pinturas. A autenticidade de seu trabalho foi constatada em exposições pelo Brasil, Estados Unidos, Alemanha, Polônia e Itália.

Endereço: Av. Faria Lima, 1903 – Conjunto 45

Distância: 12 minutos à pé da estação Faria Lima

Contato: (11) 99567-1253 | @cristianemohallem

Dia de Visitação: 19 de novembro, sábado, das 14h às 18h

4 – Estúdio Leh

Para quem quiser andar um pouquinho mais, vale dar uma esticadinha até a Vila Madalena, bairro vizinho, para visitar o Estúdio Leh. Arquiteta de formação, Maria Helena Emediato se apaixonou pelo feito à mão logo cedo por ter uma infância dividida entre São Paulo e algumas cidades de Minas Gerais, onde o artesanato e a arte popular faziam parte do cotidiano. Quando decidiu abrir o Estúdio, ela se aprofundou nas origens da cerâmica no Vale do Jequitinhonha, tradicional região de exímios ceramistas. Em seu trabalho mais recente, esferas modeladas, pintadas e queimadas por artesãs se misturam com esferas de diferentes tipos de madeira e pedrarias em diferentes tamanhos, formando luminárias, colares, pulseiras e outras joias para o corpo e para a casa. Lena, como é conhecida, recebe visitantes com agendamento.

Endereço: Rua Girassol, 796, Sala 05 – Vila Madalena

Distância: 11 minutos à pé da estação Vila Madalena – Linha Verde

Contato: (11) 98199-8925 | Instagram: @estudioleh

Ursa risonha e Olinda

Isolamento fez jornalista se descobrir como artista

Aline Feitosa focou no trabalho com barro, que sempre esteve presente em sua vida.

Aline Feitosa

QUEM É 

Aline Feitosa é formada em Jornalismo, profissão na qual atuou por 25 anos em Olinda, PE. Agora se dedica a criações artesanais à frente do Pequeno Ateliê, no mesmo Estado.

Uma ursa risonha, a pureza das crianças e uma brincadeira popular marcam o Carnaval pernambucano todos os anos. A La Ursa passa e quer dinheiro para brincar, atestando o quanto o brasileiro envolve suas festas com cor e folclore. Mas não só os festejos do país são coloridos. O casario de Olinda está perto com mais tonalidades alegres e suas platibandas. Um patrimônio que evoca as memórias de Aline Feitosa.

Depois de 25 anos atuando como jornalista, ela descobriu que esses ícones se tornariam um novo rumo em sua vida. “Olinda é um lugar cosmopolita e a arte pulsa muito aqui. O Carnaval é criativo, tem uma pegada política forte”, ela conta, sempre atenta e envolvida no cenário cultural da cidade. E foi natural quando a pandemia interrompeu seu trabalho jornalístico, que ela desse abertura a essa arte pulsante.

Pouco antes que o mundo se fechasse, ela resolveu dar vazão ao trabalho com o barro, que sempre esteve presente em sua vida. Na época, Emmanuel Cansanção, artista pernambucano, foi quem deu um empurrão para que isso acontecesse. “Comecei a fazer cerâmica como hobby até que um dia meus amigos passaram a querer comprar”, ri.

Quando a pandemia se instalou, os trabalhos no jornalismo foram por água abaixo e o plano B parecia perfeito para não enlouquecer com as horas vagas. “Foi impressionante que a notícia se espalhou sem que eu divulgasse ou fizesse assessoria de imprensa para mim mesma. A La Ursa foi a primeira peça e não parei mais”, conta.

A peça ficou popular nas redes sociais sem muito esforço de divulgação.

Depois veio à mente o casario de Olinda, com as platibandas – recursos da arquitetura para esconder o telhado, na fachada, muito usado antigamente. “Amo passear pelo centro histórico de Olinda. Comecei a moldá-las em miniaturas e deu certo”. Atualmente, Aline produz em média 300 peças por mês, entre La Ursas e casinhas – que se tornam cachepôs de plantas, outra grande paixão dela.

As curvas do casario de Olinda viraram arte nas mãos de Aline

As pessoas me pedem para fazer a casa de sua avó, ou a que viveram na infância e assim entro na história delas. Conservar a memória e um patrimônio como esse no Brasil é extremamente importante.

Ícones brasileiros

Quando um cachepô de plantas se alia a histórias populares brasileiras, adiciona uma camada mais interessante à decoração. “A riqueza de detalhes, as cores vivas e toda a representação da cultura popular faz com que o trabalho da Aline se destaque entre outros jovens artistas”, conta Lucas Lassen, curador e diretor criativo da Paiol, que vende suas criações.

“Nesses dois anos vendi seis mil itens. De forma muito natural, muito linda, tudo aconteceu. Sempre trabalhei com arte e me alimentei disso a vida toda. Agora sou a Aline artista”, ela diz, animada.

Veja as obras de Aline Feitosa

Nova geração mantém viva a tradição da cerâmica, em Minas Gerais

Artesãs da geração Z são estimuladas por meio da parceria com grandes marcas de decoração e da atualização dos produtos que confeccionam

Cibele e Jaqueline Dias de Souza são irmãs e da quinta geração de artesãs da família. divulgação/CASA CLAUDIA

A tradição da transformação do barro em cerâmica está ganhado novas guardiãs no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Jovens entre 16 e 25 anos, filhas, netas, bisnetas e tataranetas de artesãs que, mesmo imersas no universo tecnológico da geração Z, que são os nascidos após 1995, entenderam o artesanato como uma ferramenta de afirmação da identidade. “O barro e o que vem a partir dele é o reflexo do nosso cotidiano. Não tem como fugir, porque para Lodo canto que você olha tem cerâmica”, afirma Cibele Dias de Souza, de 21 anos, que nasceu na zona rural de Turmalina, e que faz parte da quinta geração de ceramistas da família.

A artesã Jaqueline Dias de Souza, de 25 anos, irmã de Cibele, até tentou seguir outros caminhos profissionais, mas a paixão, segundo ela, está no sangue. Com formação técnica em agropecuária, ela trabalhou por sete anos como educadora social até 2021, o que lhe garantia uma fonte de renda maior. “Quando comecei, o artesanato não era tão valorizado como é hoje. Poucos artesãos conseguiam viver bem apenas com o artesanato, mas agora, graças a novos projetos e parcerias, a situação parece estar mudando e fazendo com os jovens daqui vejam essa atividade com outros olhos”, afirma.

Anísia Lima de Souza, artesã e mãe de Jaqueline e Cibele. divulgação/CASA CLAUDIA

Segundo Anísia Lima de Souza, artesã e mãe de Jaqueline e Cibele, alguns fatores contribuem para essa mudança de percepção das filhas e de outros jovens artesãos dessa faixa etária. O desenvolvimento de oficinas, a parceria com grandes marcas de decoração e a criação e atualização de suas linhas de produtos são alguns deles. “Quando nós achamos que a pandemia nos colocaria em dificuldades, fomos surpreendidos com a chegada de pedidos grandes para marcas como a Camicado, TokStok e a Casa Bonita”, revela.

As parcerias foram moldadas por Lucas Lassen, fundador e diretor criativo da Paiol, loja de artesanato que atua há 15 anos em São Paulo e que reúne peças do Brasil inteiro. Acostumado a percorrer o país fazendo curadoria para a própria loja e consultorias criativas para outras marcas, ele se encantou com o Vale há 12 anos por conta dos tradicionais filtros de barro. Em 2020, a relação se estreitou tanto com a comunidade que ele decidiu se mudar para Campo Buriti, reduto de mestres e renomados artesãos na zona rural de Turmalina.

*Embora eu já tivesse uma relação profunda com algumas artesãs, quando me instalei lá eu pude entender melhor o cotidiano, a importância da cerâmica no contexto social e familiar e também as dificuldades delas. Foi quando percebi que junto com elas, nós poderíamos desenvolver um trabalho inovador promovendo parcerias e trocando experiências para conquistar mais mercado de forma criativa”, afirma.

A primeira coleção, chamada Branco no Branco, desenvolvida pelas artesãs para a Camicado, incorporou um novo padrão de cores e novas formas às peças. As criações foram premiadas em 2020 na 7º edição do Prêmio Objeto Brasileiro, premiação bienal promovida pelo Museu À CASA do Objeto Brasileiro e que reconhece trabalhos artesanais do Brasil inteiro.

Ainda segundo Lucas, embora a relação com o barro, que se fortalece por gerações, faça com que essas artesãs se sintam apaixonadas pelo que fazem, o fator econômico também é importante para mantê-las em plena atividade. “É importante ressaltar que a tradição está sendo renovada também do ponto de vista criativo. Essa geração é estimulada com informações o tempo todo e, obviamente, isso se reflete na forma como elas lidam com o trabalho, o que facilita a incorporação de novos olhares nas coleções”, afirma.

Adriely Nunes Lima cursa fotografia e pretende usar seus conhecimentos para dar ainda mais visibilidade ao Vale. divulgação/CASA CLAUDIA

Apaixonada por tudo o que remete ao universo das artes, Adriely Nunes Lima,22 anos, é filha, neta e bisneta de artesãs. Porém, até pouco tempo atrás, mesmo tendo passado a infância fazendo pequenas peças, não se via como
artesã. Cursando o terceiro período da faculdade de fotografia, ela pretende conciliar as duas profissões para melhorar a visibilidade do Vale.

“Muita gente reconhece as peças, mas não conhece o Vale, por isso além do artesanato escolhi a fotografia para poder levar às pessoas a visão de uma pessoa que nasceu, cresceu e vive aqui. Outra questão importante está no fato de que ter boas imagens das peças e da comunidade ajuda a criar uma percepção melhor do nosso trabalho”, completa Adriely.

Andressa Silva Xavier assinou uma coleção de cerâmica aos 16 anos. divulgação/CASA CLAUDIA

O impacto destes novos olhares já começaram a surgir. Andressa Silva Xavier, de apenas 16 anos, é da quinta geração de artesãs da família. É ela a autora de uma nova coleção de cachepôs e enfeites de cactos que podem ser usados na mesa e na parede e que devem ser lançados em breve pela Paiol. “O desafio de criar uma coleção partiu do Lucas, que tem estimulado essa renovação do Vale e que desde a pandemia tem deixado todo mundo com tanto trabalho que decidi me aventurar também”, finaliza.

111 anos do nascimento do maior poeta popular do Brasil: Patativa do Assaré

Artigo: O ser tão Patativa do Assaré

“05 de março de 2020 comemora-se os 111 anos de nascimento do maior poeta popular do Brasil: Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré. Para comemorar esta data, o Governador Camilo Santana sancionou em 2018 duas importantes leis de valorização da obra e da vida do poeta. A Lei nº 16.510/2018 que inclui a “Festa de Patativa do Assaré” (no dia 5 de março, em Assaré) no calendário oficial do Turismo e Cultura do Estado em parceria com a Prefeitura Municipal de Assaré e a Lei nº 16.511/2018 que cria a “Comenda Patativa do Assaré”, destinada a agraciar pessoas que tenham prestado ou prestem notórios serviços em prol do desenvolvimento da cultura popular e tradicional brasileira.

Na data de hoje estamos celebrando a vida e a obra de Patativa em sua cidade natal, realizando a entrega da Comenda e lançando o livro “O melhor de Patativa do Assaré”, organizado pelo professor Gilmar de Carvalho. Os agraciados da Comenda neste ano foram o cineasta Rosemberg Cariry; o pesquisador e jornalista Gilmar de Carvalho; a cordelista Josenir Lacerda; o cantor e compositor Raimundo Fagner; e o pesquisador e escritor Oswald Barroso.

O livro “O melhor do Patativa do Assaré”, editado pelas Secretarias da Cultura e da Educação do Estado do Ceará em parceria com a Fundação Instituto Patativa do Assaré e organizado pelo professor Gilmar será distribuído em escolas, bibliotecas, dentre outros espaços educativos e culturais. Mas o objetivo é estabelecer o contato e o tato de crianças e jovens, de professores e estudantes com a obra de Patativa do Assaré para que possam ler em voz alta e com o coração livre a sua poesia que diz tanto da gente por estar tanto em nós.

Patativa do Assaré é um intérprete do sertão e do sertanejo. O sertão está dentro de Patativa e ele dentro do sertão. Atravessa e é atravessado pelo sertão. Toda sua obra é uma travessia sertaneja de tradução e de criação literária de seu chão e de seu lugar no Brasil a partir do sertão caririense, cearense e nordestino. O sertão é sua geografia e seu tempo. O sertão é o seu grande livro aberto.

Patativa do Assaré é um clássico. E como tal, sempre o estaremos lendo e relendo-o, revistando-o e redescobrindo sua obra porque ela já faz parte de nosso inconsciente coletivo, de nossa memória social, de nossa identidade e patrimônio cultural.”

Texto de: 
Fabiano dos Santos Piúba
Secretário da Cultura do Estado do Ceará
Autor do livro Patativa do Assaré – o poeta passarinho. Editora Demócrito Rocha.

8M: as mulheres da arte popular brasileira!

No Dia Internacional da Mulher não poderíamos deixar de fazer uma seleção de obras de algumas artistas incríveis do nosso país! 

A arte tem sido responsável pelo empoderamento financeiro de muitas mulheres que sustentam a família com a renda desse trabalho.

Cerâmica, crochê, madeira, tecido, pintura, papel, bordado e tantos outros materiais são transformados pelas mãos das artistas e a PAIOL trabalha para levar esses trabalhos para o maior número de pessoas possível!

Cida Lima

Com apenas oito anos de idades, Cida Lima começou a moldar o barro para ajudar a família no sustento da casa, em Belo Jardim, Agreste de Pernambuco. Já trabalhou como faxineira e viu a vida dar uma guinada quando criou as cabeças. O sucesso das cabeças de cerâmica foi imediato! Hoje ela diz que se sente realizada e que nunca pensou chegar onde chegou com seu trabalho manual. 

Carolina Leão

Carolina é formada em Artes Plásticas pela UFBA e seguiu a carreira dando aula para crianças do ensino fundamental, mas viu em seu hobby uma forma de empreender! Para se dedicar mais à arte, precisou deixar a sala de aula. Começou usando o material que tinha acesso: papel machê. Com o tempo foi conhecendo pessoas, fazendo parcerias e sendo reconhecida. Seu trabalho ganhou visibilidade e passou a ser comercializado em vários estados brasileiro. Hoje ela conta com ajuda da família e de uma funcionária, ex-aluna, em seu ateliê montado em casa.

Mulheres do Vale do Jequitinhonha

A arte dessas mulheres é única e poderosa, pois transformou a vida de muitas delas, empoderando famílias inteiras.

O Vale do Jequitinhonha é uma região no norte do estado de Minas Gerais e a produção ceramista local é tradicionalmente feita por mulheres como forma de renda para superar as adversidades locais. Ali desenvolveu-se em uma estética singular! Artistas como Zelia, Elizangela, Lilia e Anísia Lima criam vários produtos como os das fotos, entre tantos outros. Hoje, filhas das artistas já seguem os passos das mães, num trabalho que passa por gerações!

Nené Cavalcanti

Nené Cavalcanti, artista que assina essas bonecas lindas, nasceu em Alagoa Nova, Paraíba. Teve uma vida simples no sertão e usava barro para suas brincadeiras de infância. Esse foi o primeiro contato com a modelagem. Depois de atuar em outras áreas, formou-se em artes plásticas e voltou ao seu passatempo de infância, mas dessa vez para revelar definitivamente seu talento como ceramista.⠀

O trabalho de Nené virou referência estética no estado e já ganhou vários prêmios. A artista tem o feminino como o seu principal tema e coloca no barro metais reciclados sem perder a delicadeza.⠀

Ana das Carrancas - Pernambuco

Mulheres artistas de Grão Mogól - Minas Gerais⠀

Mestra Neguinha - Pernambuco

Figureiras de Taubaté⠀

Conheça a origem e os benefícios do Filtro de Barro!

Os filtros de barro, originalmente, têm carinha de casa de vó. Para muita gente, a peça tem um significado afetivo, lembra infância e a cozinha dos avós, com água sempre fresca.

Muito tradicional, o Filtro de Barro existe no Brasil desde cerca de 1910. Inicialmente era produzido pelos italianos e portugueses que chegaram em São Paulo. As velas para filtrar água já existiam na Europa e foram trazidas por esses imigrantes.

A história não tem registros da identidade da pessoa que fez o primeiro Filtro de Barro, mas é possível que a peça – no formato tradicional que conhecemos, seja uma invenção brasileira, evolução das moringas de origem indígena.

Como o barro mantém a água até 5 graus abaixo da temperatura ambiente, o sucesso dos filtros foi imediato.

Os benefícios

Entre os benefícios do filtro de barro está a facilidade em manusear e manter, não precisar de energia para funcionar e a montagem ser simples. Com tudo instalado e pronto, é possível ter água potável e fresca sem a necessidade de fervura ou aplicação de produtos químicos.

Com a peça você não precisa mais comprar galões de água, diminui o descarte de plástico na natureza, tem sempre água fresquinha com pureza e sem gerar mais custos mensais.

A qualidade e eficiência no processo de tratamento da água dos filtros de barro são comprovadas internacionalmente.

Para a manutenção, não é preciso usar nenhum tipo de produto químico na limpeza da vela. Uma esponja suave é suficiente e não deve se forçar a limpeza para não prejudicar a base. É importante anotar o dia em que a vela foi instalada para que se saiba quando fazer a troca: a cada seis meses ou pelo menos 500 litros de água filtrada.

É super comum a água apresentar sabor característico nos primeiros litros filtrados, mas isso desaparece com o tempo. Por isso é importante descartar a primeira filtragem, pois ela limpa o filtro e ativa a vela. Depois dessa primeira filtragem você já pode beber água limpa e saudável!

Vale do Jequitinhonha

Os famosos filtros feito por mulheres do Vale do Jequitinhonha que ilustram este post vieram para abandonar o conceito de ser “brega” ter um filtro de barro! Com tamanhos, cores, estampas e formatos diferentes, as mulheres produzem com suas próprias mãos filtros maravilhosos e exclusivos.

Desde o processo de moldar a peça até a pintura, tudo é feito artesanalmente, respeitando o tempo de secagem e de produção das peças.

Uma das tantas mulheres que produzem esse trabalho é a ceramista Anísia Lima. Confira no vídeo um pouco do trabalho maravilhoso dessa artista!