Feito à mão ganha destaque em projetos da CASACOR SP 2023

Os projetos valorizam as raízes artesanais brasileiras e carregam histórias, técnicas e características do feito à mão de distintas regiões do país

Matéria realizada e publicada por Redação em https://casacor.abril.com.br/arte/feito-a-mao-destaque-casacor-sp-2023/
Gabriel Ramires, José Carrari Filho e Stephanie Ribeiro – KU’YA. Projeto da CASACOR São Paulo 2023. (André Scarpa/CASACOR)

Em sua 36ª edição, a CASACOR São Paulo segue o tema “Corpo & Morada“, trazendo reflexões acerca do corpo e suas relações com o espaço físico. Neste sentido, alguns projetos trazem um olhar apurado para as manualidades, sobretudo por trabalhos que valorizam as raízes artesanais brasileiras e que carregam consigo as histórias, técnicas e características do feito à mão espalhadas por regiões distintas do país.

No espaço Ku’Ya, que pode ser definido como um loft-spa criado pelos arquitetos Stephanie Ribeiro, Gabriel Ramires e José Carrari Filho, a ancestralidade e contemporaneidade brasileira se misturam no Buffet Abrigo, obra da designer e artista Maria Fernanda Paes de Barros em parceria com artesãs indígenas da etnia Mehinaku, do Alto Xingu. “No nosso espaço, esta obra entra como um dos elementos centrais, não só pela sua estética original e atípica, mas também por ser resultado de uma conexão genuína que reposiciona o saber artesanal de uma comunidade indígena tradicional dentro do mercado contemporâneo”, revela Stephanie.

Gabriel Ramires, José Carrari Filho e Stephanie Ribeiro – KU’YA. Projeto da CASACOR São Paulo 2023. (André Scarpa/CASACOR)

Produzida em uma edição limitada de apenas oito peças, a obra foi concebida a partir de uma profunda escuta e da união horizontal de saberes, com o objetivo de transmitir uma mensagem de respeito, equidade e harmonia. Feito em Cabreúva com fios de algodão tingidos naturalmente, a peça utiliza cilindros de madeira maciça que remetem à uma técnica tradicional Mehinaku na produção de esteiras, trazendo valorização e visibilidade para o trabalho das mulheres da etnia. “Penso na decoração como um instrumento que nos permite olhar para dentro, para o que é produzido aqui e para a riqueza das tradições que permeiam o nosso país. Neste contexto, esta é uma obra que levanta questões importantes sobre a sustentabilidade do fazer artesanal e o potencial de impacto social do design”, completa Carrari.

Isabella Nalon Arquitetura e Interiores – Refúgio Conexão. Projeto da CASACOR São Paulo 2023. (Rafael Renzo/CASACOR)

Outro espaço que se debruça sobre as manualidades é o Refúgio Conexão, criado pela arquiteta Isabella Nalon, que marca sua estreia na CASACOR. Inspirada no conceito de Slow Living, o ambiente de estar de 76m² propõe a busca por um olhar mais atencioso para consigo e com a forma como se lida com o próprio ritmo. “Acredito que é primordial pensar a casa como uma extensão de nós mesmos.
Nosso olhar se volta para compreender como os ambientes podem contribuir para a nossa saúde física e mental e, dessa maneira, cada espaço deve refletir aquilo que mais funciona para cada um. Pensando em reduzir o ritmo, o artesanato brasileiro, em certa medida, nos traz a ideia de respeito ao tempo das coisas, do contato com o orgânico e nos desafia a valorizar as pequenas imperfeições que trazem singularidade às peças”, afirma a arquiteta.

Isabella Nalon Arquitetura e Interiores – Refúgio Conexão. Projeto da CASACOR São Paulo 2023. (Rafael Renzo/CASACOR)

Dentre as diversas obras artesanais que se destacam no Refúgio Conexão, há a coleção de vasos Cores e Mãos do Cerrado, uma parceria da Paiol, uma das principais lojas de arte popular e de artesanato de tradição do Brasil, em parceria com a artista paulistana Ju Amora, que fez pinturas inspiradas na estética do bioma. Idealizada por Lucas Lassen, a coleção de vasos é moldada a partir do barro por artesãs do Vale do Jequitinhonha, tradicional reduto de ceramistas em Minas Gerais. Para a intervenção nas peças, a pesquisa envolveu um estudo das diversas cores e referências culturais do cerrado, o que lhes permitiu chegar a uma paleta e a desenhos que ressaltam as características físicas e ambientais da região, propondo uma união linear de diferentes vivências e características artísticas.

Isabella Nalon Arquitetura e Interiores – Refúgio Conexão. Projeto da CASACOR São Paulo 2023. (Rafael Renzo/CASACOR)

“Trazer o artesanal para os ambientes evoca a necessidade de olharmos para a decoração como uma ferramenta de valorização da brasilidade, de reconhecermos que uma das riquezas do Brasil está na criatividade, nas produções coletivas, na transmissão geracional e na manutenção desses saberes que formam a identidade do país”, finaliza Isabella.

Para além dos objetos

Mauro Contesini – Circulação 41. Projeto da CASACOR São Paulo 2023. (Adriana Barbosa/CASACOR)

Nesta edição, além dos objetos, as técnicas de pintura também se destacam no diálogo entre a decoração e a arte popular. Em de 30m², o paisagista e engenheiro agrônomo Mauro Contesini – veterano de CASACOR – celebra a arte autêntica do nordeste, a simplicidade e resistência de seus artesãos. O recifense Derlon, reconhecido por uma estética que remete ao universo das Xilogravuras, foi um dos escolhidos para compor algumas obras nas paredes. Além de Derlon, o espaço conta com obras das ceramistas Dheny Santos e Leslie Bassi Gaffuri.

Ester Carro – Espaço Motirõ. Projeto da CASACOR São Paulo 2023. (André Mortatti/CASACOR)

Outro projeto que destaca a pintura artística é o Motirõ, pensado pela arquiteta e urbanista social Ester Carro. Segundo ela, o ambiente de 34m² é um espaço de ativismo, sensibilização para o morar periférico e potência de habilidades ancestrais. Para tanto, ela convidou o jovem artista indigena Waxamani Mehinaku, que utiliza seu trabalho com grafismos autorais de sua etnia e o transporta para mobiliários desenhados pela designer Claudia Moreira Salles. “A intervenção foi criada pensando no futuro, no cuidado e nas adaptações que o habitar contemporâneo necessita. É um espaço coletivo que conecta mãos para construir”, finaliza Ester.

Serviço CASACOR São Paulo 2023

Onde: Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, 2073.

Quando: de 30 de maio a 06 de agosto de 2023.

Horário de funcionamento:

Terça a Sábado das 12h às 22h

Domingos e Feriados das 11h às 21h

Bilheteria digital:

https://appcasacor.com.br/events/sao-paulo-2023

Valores totais dos ingressos: De terça a domingo e feriados – R$101,00 (inteira) e R$ 51,00 (meia entrada)

Pacotes promocionais:

3 dias (desconto de 17%) – R$251 (inteira) e R$ 126,00 (meia entrada)

5 dias (desconto de 30%) – R$ 351,00 (inteira) e R$ 176,00 (meia entrada)

*Ingressos pessoais e intransferíveis.

Passaporte (livre acesso em todos os dias de funcionamento da mostra):

R$601,00 – código de promoção pré-venda não aplicável nesta modalidade

*Ingressos pessoais e intransferíveis.

Visitas Guiadas:

R$161,00 (terças, quartas e quintas-feiras às 17h)

Compra de ingresso de meia-entrada

Idoso a partir de 60 anos Estudante apresentando o documento válido com foto ou recibo de pagamento. Deficiente e seu acompanhante (conforme lei 12.933/13). *Promoção de pré-venda não válida para meia entrada *Comprovação de meia-entrada será exigida na porta. Importante: A compra do passaporte oferece acesso livre à mostra

Gratuidade de entrada é para crianças com idade comprovada de até 10 anos.

1 (um) CPF pode comprar no máximo 10 ingressos. Venda para Grupos, dúvidas e informações: Compras acima de 10 ingressos ou por CNPJ, envie e-mail para:  bilheteriacasacor@abril.com.br ou whatsapp (11) 97717-5511

Informações Gerais:

O evento CASACOR está em concordância com as normas sanitárias vigentes. Todos os protocolos de segurança e higiene deverão ser cumpridos por todos os visitantes e staff, sem exceção.

Fácil acesso à mostra via metrô Consolação – Linha 2, verde.

Não é autorizado o uso de equipamentos profissionais como, tripé, luz e acessórios para captação de imagem/foto/vídeo durante a visita.


4 casais do artesanato brasileiro que criam peças cheias de afeto

O trabalho conjunto une as famílias e ajuda a alavancar os pequenos negócios de artesanato e arte popular por todo o Brasil

Por Ana Sachs

Yran Palmeira e Emeton Kroll com os ‘Pedidores de Abraços’, da Armoriarte – Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

No mundo do artesanato, é comum encontrar casais que trabalham lado a lado na criação das peças do pequeno negócio familiar. A união acaba fortalecida e, muitas vezes, a atividade artística se estende a outros membros do núcleo, como filhos e netos.

“Eu percebo que, geralmente, um dos dois começa a produção, até que em dado momento, o número de pedidos começa a aumentar e o outro se sente incentivado a auxiliar”, conta Lucas Lassen, curador e diretor criativo da Paiol, lojas de artesanato de tradição e arte popular brasileira.

Conheça abaixo quatro casais unidos pelo amor e pela arte:

1. Yran e Emeton

Juntos há quase 20 anos, Yran Palmeira e Emeton Kroll moram em Caruaru (PE) desde 2008. Eles começaram as criações artísticas em 2015, por influência de um grande amigo, que acabou falecendo logo depois. Para lidar com o luto, usaram a pintura e a cerâmica como terapia.

A “Pedidora de Abraços” de Yran Palmeira e Emeton Kroll é moldada e pintada à mão — Foto: Theo Grahl / Divulgação

Juntos, eles criaram a Armoriarte, marca artística inspirada no movimento armorial, de Ariano Suassuna, que busca criar uma arte autêntica brasileira baseada nas raízes populares. Eles também trabalham com referências do pernambucano Francisco Brennand.

Os bonecos de braços abertos, criados por Emeton e batizados de “Pedidores de Abraços” por Yran, se tornaram o carro-chefe. Hoje, para adquirir uma das peças moldada e pintada à mão pelos dois é preciso esperar até 90 dias. “Acho que não eu conseguiria trabalhar por tanto tempo e com tanto prazer se não fosse ao lado de quem eu amo e de quem me ama também”, fala Yran.

2. Mestre Neguinha e Nanai

Maria do Carmo, mais conhecida como Mestre Neguinha, está com o marido, Arnaldo Guimarães, o Nanai, desde 1994. Mas foi somente há cerca de quatro anos que ele precisou pedir demissão do trabalho para auxiliar a esposa na produção de suas peças, que não para de crescer.

O casal Mestre Neguinha e Nanai trabalha junto há cerca de quatro anos — Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

O salto se deu após conhecerem a artista plástica Ana Veloso, durante um projeto com foco em revitalizar a produção artesanal de Belo Jardim, no agreste pernambucano, onde o casal vive.

Criações com tamanduás, sereias e santos começaram a fazer sucesso, até que as famosas cabeças de barro – hoje reconhecidas no mundo todo – se transformaram em uma marca registrada.

As cabeças de barro viraram marca registrada do trabalho de Mestre Neguinha no mundo — Foto: Theo Grahl / Divulgação

“Tudo o que a gente tem hoje é fruto do artesanato e, desde então, não tivemos sequer um dia ruim. Pelo contrário, a gente sempre se deu muito bem, mas agora estamos cada mais próximos”, conta Nanai.

3. Marcos e Jaqueline

Filha, neta e bisneta de artesãs, Jaqueline Dias de Souza segue a tradição da família, que há cinco gerações trabalha com o barro no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. O marido, Marcos Lopes, começou a se interessar pela técnica em 2011. As visitas à casa da sogra, durante o namoro de quatro anos, o fizeram se encantar por todo o processo de produção das peças.

Jaqueline Dias de Souza e Marcos Lopes, que aprendeu a trabalhar o barro com a esposa — Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

“Eu comecei aos pouquinhos, por incentivo da Jaqueline e da minha sogra, e logo já estava conciliando a produção com a função de operador de máquinas em construções”, afirma.

As peças de barro criadas por Jaqueline e Marcos junto com a família da artesã — Foto: Alexandre Disaro / Divulgação

Com o casamento em 2015 e, mais tarde, o nascimento da filha do casal, ele sentiu a necessidade de estar mais perto de casa. Com isso, o artesanato passou a ser o seu ofício principal. “O artesanato, hoje, para nós, além de representar qualidade de vida, acaba fortalecendo o nosso laço familiar”, diz o casal.

4. Adriana e Juliano

Adriana Souza e Juliano Martins se conheceram na escola quando os dois, já adultos, decidiram voltar a estudar. Ela trabalhava com artesanato desde os 19 anos e o convidou para atuar na profissão, pois ele havia acabado de perder o emprego à época.

Adriana Souza e Juliano Martins trabalham juntos na produção de esculturas de arte naif — Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

“Eu não tinha muita noção do que ela fazia. Acabei indo conhecer e aprendi todo o processo de trabalho com a madeira, material que demanda um certo domínio para saber como cortar e entalhar”, relembra Juliano.

As esculturas de madeira de Adriana e Juliano são feitas de madeira talhada e pintadas à mão — Foto: Theo Grahl / Divulgação

Dezoito anos depois e com três filhos, o casal, que vive em Caraguatatuba, no litoral paulista, construiu a marca Casa das Casinhas, que produz esculturas de arte naif em madeira talhada por ele e finalizada com pinturas feitas por ela.

“A gente gosta de representar o cotidiano, o recorrente, mas sempre de uma forma mais leve, colorida e animada. É um estilo de vida, é um trabalho árduo, mas também é diversão e tem nos dado muita qualidade de vida”, comenta Adriana.

FEITO À MÃO GANHA DESTAQUE EM PROJETOS DA CASACOR

Arquitetos ressaltam técnicas artesanais em diversos ambientes

Matéria realizada e publicada por Angelo Miguel em https://megamoveleiros.com.br/publicacoes/feito-a-mao-ganha-destaque-em-projetos-da-casacor
Feito à mão ganha destaque em projetos da CASACOR

Desde o dia 30 de maio, está aberta a nova temporada da CASACOR, maior evento de arquitetura e decoração das Américas, que mistura arte, design e paisagismo em 73 ambientes pensados pelos principais nomes da decoração nacional. Em sua 36ª edição, os projetos se inspiram no tema Corpo & Morada, trazendo reflexões acerca  do corpo e suas relações com o espaço físico. Neste sentido, alguns projetos trazem um olhar apurado para as manualidades, sobretudo por trabalhos que valorizam as raízes artesanais brasileiras e que carregam consigo as histórias, técnicas e características do feito à mão espalhadas por regiões distintas do país. 

No espaço Ku’Ya, que pode ser definido como um loft-spa criado pelos arquitetos Stephanie Ribeiro, Gabriel Ramires e José Carrari Filho, a ancestralidade e contemporaneidade brasileira se misturam no Buffet Abrigo, obra da designer e artista Maria Fernanda Paes de Barros em parceria com artesãs indígenas da etnia Mehinaku, do Alto Xingu. “No nosso espaço, esta obra entra como um dos elementos centrais, não só pela sua estética original e atípica, mas também por ser resultado de uma conexão genuína que reposiciona o saber artesanal de uma comunidade indígena tradicional dentro do mercado contemporâneo”, revela Stephanie.

Produzida em uma edição limitada de apenas 8 peças, a obra foi concebida a partir de uma profunda escuta e da união horizontal de saberes, com o objetivo de transmitir uma mensagem de respeito, equidade e harmonia. Feito em cabreúva e com fios de algodão tingidos naturalmente, a peça utiliza cilindros de madeira maciça que remetem à uma técnica tradicional Mehinaku na produção de esteiras, trazendo valorização e visibilidade para o trabalho das mulheres da etnia. “Penso na decoração como um instrumento que nos permite olhar para dentro, para o que é produzido aqui e para a riqueza das tradições que permeiam o nosso país. Neste contexto, esta é uma obra que levanta questões importantes sobre a sustentabilidade do fazer artesanal e o potencial de impacto social do design”, completa Carrari. 

Outro espaço que se debruça sobre as manualidades é o Refúgio Conexão, criado pela arquiteta Isabella Nalon, que marca sua estreia na CASACOR. Inspirada no conceito de Slow Living, o ambiente de estar de 76m² propõe a busca por um olhar mais atencioso para consigo e com a forma como se lida com o próprio ritmo. “Acredito que é primordial pensar a casa como uma extensão de nós mesmos. Nosso olhar se volta para compreender como os ambientes podem contribuir para a nossa saúde física e mental e, dessa maneira, cada espaço deve refletir aquilo que mais funciona para cada um. Pensando em reduzir o ritmo, o artesanato brasileiro, em certa medida, nos traz a ideia de respeito ao tempo das coisas, do contato com o orgânico e nos desafia a valorizar as pequenas imperfeições que trazem singularidade às peças”, afirma a arquiteta.

Dentre as diversas obras artesanais que se destacam no Refúgio Conexão, há a coleção de vasos Cores e Mãos do Cerrado, uma parceria da Paiol, uma das principais lojas de arte popular e de artesanato de tradição do Brasil, em parceria com a artista paulistana Ju Amora, que fez pinturas inspiradas na estética do bioma. Idealizada por Lucas Lassen, a coleção de vasos é moldada a partir do barro por artesãs do Vale do Jequitinhonha, tradicional reduto de ceramistas em Minas Gerais. Para a intervenção nas peças, a pesquisa envolveu um estudo das diversas cores e referências culturais do cerrado, o que lhes permitiu chegar a uma paleta e a desenhos que ressaltam as características físicas e ambientais da região, propondo uma união linear de diferentes vivências e características artísticas.

Estante do espaço Refúgio Conexão com vasos da Coleção Cores e Mãos do Cerrado, feita por mulheres do Jequitinhonha – Foto Rafael Renzo

“Trazer o artesanal para os ambientes evoca a necessidade de olharmos para a decoração como uma ferramenta de valorização da brasilidade, de reconhecermos que uma das riquezas do Brasil está na criatividade, nas produções coletivas, na transmissão geracional e na manutenção desses saberes que formam a identidade do país”, finaliza Isabella.

Para além dos objetos

Obra de Derlon, no espaço de Mauro Contesini, e grafismos de Waxamani Mehinaku, no Espaço Motirõ, de Ester Carro – Fotos Angelo Miguel (esq) e André Mortatti/CASACOR

Nesta edição, além dos objetos, as técnicas de pintura também se destacam no diálogo entre a decoração e a arte popular. Em de 30m², o paisagista e engenheiro agrônomo Mauro Contesini – veterano de CASACOR – celebra a arte autêntica do nordeste, a simplicidade e resistência de seus artesãos. O recifense Derlon, reconhecido por uma estética que remete ao universo das Xilogravuras, foi um dos escolhidos para compor algumas obras nas paredes. Além de Derlon, o espaço conta com obras das ceramistas Dheny Santos e Leslie Bassi Gaffuri.

Outro projeto que destaca a pintura artística é o Motirõ, pensado pela arquiteta e urbanista social Ester Carro. Segundo ela, o ambiente de 34m² é um espaço de ativismo, sensibilização para o morar periférico e potência de habilidades ancestrais. Para tanto, ela convidou o jovem artista indigena Waxamani Mehinaku, que utiliza seu trabalho com grafismos autorais de sua etnia e o transporta para mobiliários desenhados pela designer Claudia Moreira Salles. “A intervenção foi criada pensando no futuro, no cuidado e nas adaptações que o habitar contemporâneo necessita. É um espaço coletivo que conecta mãos para construir”, finaliza Ester. 

Serviço

CASACOR SÃO PAULO 2023

30 de maio a 06 de agosto de 2023

Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, 2073.

Horário de Funcionamento: 

Terça a Sábado das 12h às 22h

Domingos e Feriados das 11h às 21h

https://casacor.abril.com.br/mostras/sao-paulo/


By Angelo Miguel | Bacuri Comunicação

Imagens: Créditos Rafael Renzo / Angelo Miguel / André Mortatti

Mães artesãs transmitem técnicas aos filhos e ajudam a perpetuar tradições

Passados de geração em geração, os conhecimentos novos e antigos encontram nas relações familiares uma forma de se manterem vivos

Maria Barbosa (à frente) com a filha Lucineide, que aprendeu com a mãe de 77 anos o bordado filé Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

As mães ensinam muitos saberes aos seus filhos e, em alguns casos, até a profissão. No mundo do artesanato e da arte popular é comum encontrar quem tenha herdado o ofício da matriarca da família.

“Nós começamos pela convivência, pela observação diária e pelas brincadeiras de infância, o que mais tarde acaba nos incentivando a usar a atividade para gerar alguma renda”, conta Maria Barbosa, que aprendeu a bordar com a mãe e, após ensinar as próprias filhas, atualmente, incentiva as netas.

Obras de aço carbono da artesã Patricia Barros, que conta com ajuda dos filhos — Foto: Alexandre Disaro / Divulgação

Mas para que todo esse rico conhecimento se perpetue, é preciso que as mulheres encontrem no artesanato a sua fonte de subsistência. “É importante que as pessoas entendam que ao comprar uma peça artesanal, elas contribuem para a manutenção de famílias e comunidades inteiras”, destaca Maria.

Segundo Lucas Lassen, diretor criativo da Paiol, loja que atua há 15 anos em parceria com artesãos brasileiros, sem o retorno financeiro, a tradição pode desaparecer. “Por mais interessante e tradicional que seja a técnica, e por mais insistente que as mães sejam, os filhos e os netos acabam deixando a atividade de lado quando percebem que não conseguem viver deste trabalho”, avalia.

Veja abaixo cinco artesãs que têm suas histórias marcadas pelo artesanato e pela maternidade!

Maria Barbosa

A artesã Maria Barbosa, natural de Maceió, em Alagoas, começou a bordar aos 7 anos, seguindo os passos da mãe. Especialista em bordado filé, considerado Patrimônio Cultural Imaterial do Estado, ela transmitiu todo o seu conhecimento para as duas filhas.

Maria Barbosa aprendeu a bordar com a mãe aos 7 anos e, hoje, ensina as netas — Foto: Grupo Produtivo Luart / Divulgação

Uma delas, Lucineide Barbosa, hoje comanda o Grupo Produtivo Luart, composto por 32 mulheres especialistas na técnica que produzem, de forma coletiva, itens como bolsas, vestuários e acessórios para a casa. Mantendo a tradição, as netas de Maria Barbosa, de 16, 12 e 10 anos, já iniciaram no ofício, ajudando a manter vivo o conhecimento transmitido por tantas gerações.

Sil da Capela

A mestra Sil da Capela cresceu em Capela, Alagoas, e fugiu de casa aos 15 anos para ter Maria Cristina, sua primeira filha, que é autista. Durante os tratamentos da menina, ela participou de uma ação na qual o mestre artesão João das Alagoas, um ícone do estado nordestino, dava aulas de cerâmica para mães de crianças com deficiência.

Sil da Capela é mãe de três filhos, dois seguiram o mesmo caminho da mestra artesã alagoana — Foto: Sedetur / Felipe Brasil / Divulgação

As esculturas com figuras de jaqueiras, árvore abundante na região onde vive, tornaram-se a sua marca registrada. Atualmente, seus outros dois filhos, Andressa e Carlos, seguem os passos da mãe. “Na minha família, não sei de nenhum artesão ou artista antes de mim, mas fico feliz que os que estão vindo depois já estão no mesmo caminho, com obras espalhadas por vários lugares”, fala.

As figuras de jaqueiras de cerâmica são a marca do trabalho da artesã Sil da Capela — Foto: Alexandre Disaro / Divulgação

Fatinha de Olhos D’água

A mestra artesã Maria de Fátima Bastos, conhecida como Fatinha, cresceu vendo a mãe e a avó tecendo colchas de algodão e fazendo bonecas de pano. Para driblar a infância humilde, por volta dos 7 anos, ela começou a usar palha de milho das plantações da região de Olhos D’água, no interior de Goiás, para produzir bonecas.

Fatinha se considera mãe de vários outros que aprenderam com ela a viver do artesanato — Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

A profissionalização veio em 1999, quando Fatinha percebeu que precisaria de ajuda para dar conta da demanda crescente. “Com isso, eu passei a ensinar vizinhos, amigos e alguns jovens da cidade”, conta. Mãe de dois filhos, ela diz que o trabalho com o artesanato é como um “filho” que lhe permitiu ser mãe de vários outros que aprenderam com ela o trabalho manual.

A mestra artesã Maria de Fátima Bastos usa palha de milho para criar esculturas — Foto: Alexandre Disaro / Reprodução

Patrícia Barros

A artesã Patrícia Barros, que vive em Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, é filha de artesãos e artistas plásticos, e circula por ateliês desde criança. Aos 15 anos decidiu seguir carreira no artesanato, somando 42 anos de dedicação exclusiva aos trabalhos manuais.

“Comecei fazendo peças que eu via em lojas de alta decoração, mas não podia comprar devido ao preço. Fazia castiçais e, quando vi, já estava produzindo várias peças decorativas e com temas religiosos”, relembra.

Patrícia envolveu os dois filhos e o marido na produção das peças artesanais de aço carbono — Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

10 artesãos brasileiros com trabalhos que vale a pena conhecer

Especialistas em técnicas antigas ou em novas formas de criar, eles desenvolvem peças que são um verdadeiro legado da cultura e história brasileiras

Matéria realizada e publicada por Ana Sachs em https://revistacasaejardim.globo.com/artesanato/noticia/2023/03/10-artesaos-brasileiros-com-trabalhos-que-vale-a-pena-conhecer.ghtml
O artesanato brasileiro é tão diversificado quanto o povo, a cultura e a história do país – Foto: Artesol, Sérgio J. Matos e Artesol / Divulgação

No Dia Mundial do Artesão, celebrado 19 de março, há muito o que comemorar, mas também muito o que avançar. Apesar da visibilidade e reconhecimento cada vez maiores, os artesãos brasileiros ainda têm dificuldades de viver de sua arte.

Segundo pesquisa feita no fim de 2022 pela Artesol, organização que atua há 25 anos na valorização do setor, a renda máxima mensal de 39% dos 10 mil artesãos de 24 estados brasileiros mapeados pela rede é de R$ 550, abaixo do salário mínimo. Um percentual de 51% vivem em áreas rurais e 76% afirmam que são profissionais não formalizados.

“A data é importante para que a nossa sociedade entenda o que essas criações representam para a cultura do nosso país. Neste dia, devemos celebrar a luta destes indivíduos por reconhecimento, valorização e remuneração justa”, destaca Jô Masson, diretora executiva da Artesol.

Para Lucas Lassen, diretor criativo e curador da loja Paiol, o artesanato vai além das questões estéticas e econômicas: é parte da identidade do povo brasileiro. Mesmo como a modernização, estes saberes se mantêm vivos, atravessando gerações e, mais ainda, se mantêm atuais. Por isso, é tão importante valorizar, incentivar e reconhecer os artesãos, avalia.

Veja a seguir, 10 artesãos brasileiros com um trabalho que vale a pena conhecer e acompanhar.

1. Bacaro Borges

Bacaro Borges é filho caçula de J. Borges, maior referência brasileira em xilogravura — Foto: Marlom Meireles e Arquivo Pessoal / Divulgação

O jovem de Bezerros (PE) é o caçula dos 18 filhos de José Francisco Borges, mais conhecido como J. Borges, maior referência brasileira em xilogravura. A presença constante no ateliê de seu pai acabou transformando a técnica em sua principal forma de expressão artística.

Mesmo estando ligado às tradições pernambucanas – e de outras regiões do Nordeste – seu trabalho também reflete as observações e demandas típicas de sua geração, com trabalhos que fazem referência à música, à estética do sertão e aos movimentos sociais.

2. Bento de Sumé

O paraibano Bento de Sumé faz esculturas de madeira, trabalho que aprendeu sozinho — Foto: Governo da Paraíba / Divulgação

Nascido em Sumé (PB), Bento teve os primeiros contatos com a madeira por meio do roçado. Trabalhou alguns anos fazendo carvão em sua cidade natal, até que, aos 18 anos, decidiu ir para São Paulo em busca de trabalho.

Foi atropelado e, com dificuldade de locomoção e dependendo de muletas, começou a esculpir usando pallets que achava na rua. Decidiu voltar para sua cidade natal e criar peças usando imburana – madeira com a qual já tinha familiaridade – que vão de santos a pássaros e outros animais.

3. Célio Freire de Sousa

Célio Freire de Sousa transforma pedaços de madeira em esculturas multicoloridas — Foto: Artesol / Divulgação

O artesão transforma móveis e outros pedaços de madeira que encontra pelas ruas e calçadas de Fortaleza (CE) em esculturas multicoloridas e cheias de detalhes, que exploram a relação entre formas humanas e da natureza.

Para criar os diferentes efeitos na pintura, utiliza tinta acrílica e PVA com ferramentas diversas, como pincéis, esponja, palito de churrasco e escova de dentes.

Parte de sua inspiração vem do pintor naif Chico da Silva, que foi seu vizinho quando criança. Vive da arte há apenas cinco anos, depois que seu filho criou um perfil em uma rede social para divulgar o seu trabalho.

4. Dona Rita

A ceramista Dona Rita trabalha desde os 12 anos no Vale do Jequitinhonha (MG) — Foto: Giovana dos Santos e Theo Trindade / Divulgação

Artesã desde os 12 anos de idade, a ceramista, hoje com 68 anos, é um retrato das mulheres que moldam a vida a partir do barro no Vale do Jequitinhonha.

Moradora de Campo Alegre, no município de Turmalina (MG), ela aprendeu o ofício junto com a mãe, também artesã, nesta região que é reconhecida por ter famílias que trabalham com o material há pelo menos seis gerações.

Suas primeiras peças foram casinhas que vendeu em feiras locais e, hoje, também faz potes, jarras, pratos e panelas.

5. Enauro Luiz Rocha Costa

O artesão alagoano Enauro Luiz Rocha Costa cria luminárias cheias de cor — Foto: Artesol / Divulgação

O artesão de Maceió (AL) usa a casca do coco seca – material que costuma ser descartado – e miçangas para criar luminárias cheias de cor.

Autodidata, passou dois anos estudando como trabalhar com o material. Identificou sozinho o tempo certo de colher o fruto, quando e como abri-lo, além de desenvolver máquinas específicas para criar os trabalhos.

O alinhamento dos furos – chegam a 5 mil em uma única peça – é feito com ferramentas também desenvolvidas por ele, e os desenhos são inspirados no sincretismo cultural de sua terra natal. Hoje, suas criações já estão presentes em países como Argentina, Itália, Canadá e Estados Unidos.

6. Hercília Batista

Hercília Batista, artesã especialista na delicada técnica da Palma de Ouro — Foto: Artesol / Divulgação

Há mais de trinta anos atuando em Sabará (MG), a artesã cria peças usando a técnica da Palma Barroca, que consiste em arranjos florais feitos com chapas metálicas banhadas a ouro. Herança portuguesa, chegou ao país no século 18, instalando-se na região no mesmo período de formação das cidades barrocas.

O conhecimento repassado ao longo dos séculos resistiu e, nos anos 1980, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) resgatou a tradição por meio do Museu do Ouro, onde a artesã, que já recebeu certificado de artesanato de tradição por excelência da Unesco, também trabalha.

7. Joelma Silva

Joelma faz trançado da palha de piaçava, técnica que aprendeu ainda criança com a mãe — Foto: Arquivo Pessoal e Artesol / Divulgação

Nascida em Porto de Sauipe (BA), é uma das responsáveis por manter uma tradição secular: o trançado da palha de piaçava, técnica que aprendeu com a mãe aos sete anos de idade. Suas peças compreendem um amplo portfólio de acessórios de moda e utilitários, como bolsas, cestos e tapetes.

Hoje, aos 54 anos e mãe de três filhos, ela luta para manter a técnica de origem indígena Tupinambá viva. Além disso, a atividade na região é responsável por auxiliar na preservação da flora local, com técnicas extrativistas que respeitam os ciclos de recuperação da palmeira.

8. Leno

Leno, atua na Ilha do Ferro (AL) e trabalhou como pedreiro até se encontrar no artesanato — Foto: Arquivo Pessoal e Dani Neves / Divulgação

Girleno Alves Amorim, mais conhecido como Leno, atua na Ilha do Ferro (AL) e trabalhou como pedreiro até decidir dar vida a criaturas dentuças que via em sonhos e se tornar artesão. Filho de pai pedreiro e avô carpinteiro, ele usou as suas habilidades com as ferramentas na produção das peças.

O primeiro trabalho nasceu em 2015 e, logo depois, vieram as cadeiras Armação, feitas com galhos da madeira pereiro, típica da caatinga, além de bancos e esculturas inspiradas em figuras reais e imaginárias.

9. Natalina Soares de Souza

Natalina Soares de Souza aprendeu a arte da tecelagem ainda criança, com a mãe — Foto: Artesol / Divulgação

De Berilo, município no Vale do Jequitinhonha (MG), a tecelã começou no ofício ainda criança, descaroçando o algodão para fiar. Aos nove anos, já sabia tecer e, aos 12, assumiu o trabalho da mãe doente e o sustento da casa.

Hoje, depois de mais de 40 anos, ainda usa o antigo tear deixado pela mãe, datado de 1955, e tenta manter viva a técnica que remonta ao século 18 e que tem se perdido com o desinteresse das novas gerações. Em 2020, ela foi homenageada no livro À luz do algodão, do fotógrafo Lori Figueiró.

10. Rosa Chota

A índia Rosa Chota faz trançado de palha com as fibras de arumã e tucum no Amazonas — Foto: Sérgio J. Matos / Divulgação

Da etnia Ticuna, maior grupo indígena do Amazonas, a artesã trabalha desde os 13 anos com o trançado de palha das fibras de arumã e tucum, na Comunidade Indígena Ticuna de Bom Caminho, no entorno da cidade de Benjamin Constant (AM).

Filha de artesã, os trabalhos produzidos pela etnia têm como objetivos a geração de renda e, sobretudo, a preservação da tradição artesanal, reconhecida pela beleza de suas cestarias. Há 42 anos neste ofício, ela tem cinco filhos também envolvidos com artesanato.

Festival traz design e artesãos ao centro de SP em busca de revitalização

Design Week reúne expositores nas galerias Metrópole e Zarvos e no edifício Copan até este domingo

Matéria realizada e publicada por Caio Delcolli em https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2023/03/festival-traz-design-e-artesaos-ao-centro-de-sao-paulo-em-busca-de-revitalizacao.shtml

Para fugir do estigma de um centro degradado e perigoso, designers se apropriaram de espaços nas galerias Metrópole e Zarvos e no edifício Copan, no centro de São Paulo, para montar suas sedes. Eles são alguns dos expositores da Design Week, a DW, que acontece até este domingo (19).

Na primeira galeria, estão as lojas Paiol, Ju Amora, Estúdio Niz e Des_Apê. Já na segunda, a de Paulo Alves e a Feira na Rosenbaum. E no Copan está a Boom SP Design.

Nos últimos anos, o designer Paulo Alves tem se empenhado para atrair colegas para o centro. “A gente está em uma região que tem um patrimônio incrível de arquitetura moderna”, diz.

Francesco Missoni – Boom SP Design – Divulgação

“Tem uma quadra triangular com as avenidas Ipiranga e São Luís e a rua Consolação. Você tem o edifício Copan e tantos outros que são importantíssimos e históricos. A gente tem mania de abandonar o centro e ir para fora da cidade, mas é preciso ocupar esse lugar.”

Alves defende que o melhor público para ocupar de maneira decisiva a região são os criativos —ele comemora, por exemplo, a chegada da livraria Megafauna, em 2020, e o Bar da Dona Onça, em 2008, ao térreo do edifício projetado por Oscar Niemeyer.

Alves se uniu a iniciativas, durante a feira deste ano, como exibição de documentários sobre designers e arquitetos brasileiros, além de expor em sua loja a coleção “Tesouros do Brasil”, fruto de uma parceria com a loja de tapetes By Kamy em que a fauna brasileira é retratada em peças feitas a partir de tramas descartadas.

Juliana Amorim, da Ju Amora, especializada em pinturas à mão em bancos, conta ter mudado de Perdizes, na zona oeste, para a galeria Metrópole em 2021, em meio a uma das piores fases da pandemia.


“Eu vim para cá justamente por esse lugar ter sido atingido tão negativamente pela pandemia. Aqui, eu senti uma energia de transformação, junto com os outros criativos que fizeram o mesmo movimento”, diz.

Ela diz que o poder público é, em parte, responsável pela revitalização da área, mas acredita que as pessoas podem fazer a diferença individualmente, a despeito disso.

“A gente precisa melhorar o nosso entorno, não só pelos designers, mas por todo o centro, que é um patrimônio. A função dele precisa ser revivida”, afirma.

Amorim e Lucas Lassen, da Paiol, colega de galeria, fizeram uma parceria para promover uma mistura cultural e criativa. Com as coleções “Cores e Mãos do Cerrado” e “Cores e Mãos do Sertão”, eles mostram diferentes linguagens se retroalimentando nas peças.

A primeira coleção cruza o artesanato em cerâmica do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, com os traços delicados de Amorim, por sua vez paulistana. A segunda tem mesas e bancos feitos em Alagoas, produzidos com madeiras resgatadas do fundo do rio São Francisco, em que a artista fez pinturas que remetem ao folclore da Ilha de Ferro, povoado próximo.

Tradição do Carnaval pernambucano, La Ursa é representada no artesanato

Conheça mais sobre essa herança do Carnaval europeu que se integrou à cultura de Pernambuco e o trabalho dos artesãos locais sobre o tema

Matéria realizada e divulgada Por Rosana Ferreira em https://revistacasaejardim.globo.com/artesanato/noticia/2023/02/tradicao-do-carnaval-pernambucano-la-ursa-e-representada-no-artesanato.ghtml
No Carnaval de Pernambuco, a fantasia principal da tradição La Ursa consiste em um macacão e uma máscara de urso que cobre toda a cabeça, geralmente feita de papel machê e pintada à mão — Foto: Ed Machado / Divulgação

Quem mora fora Pernambuco talvez não conheça La Ursa, personagem presente nas festas de rua de Recife e outras cidades do interior durante o Carnaval, trazida pelos imigrantes europeus e se integrou à cultura local.

Com elementos teatrais, a atuação tem um urso como figura central acompanhado de seu domador, mas não para por aí e invade – no bom sentido – o território do artesanato, com a produção de máscaras, esculturas e cachepôs.

A tradição faz alusão aos números circenses com o animal, algo comum na Itália à época em foi introduzida por aqui, entre o final do século 19 e a década de 1920. A fantasia principal consiste em um macacão feito de veludo, estopas, pelúcia ou retalhos de tecidos costurados, além de uma máscara que cobre toda a cabeça, geralmente feita de papel machê e pintada à mão.

O conjunto conta ainda com o caçador ou domador – que costuma carregar uma espingarda –, o italiano, representado com grandes bigodes e que arrecada dinheiro dos foliões, além de outros personagens como o porta-cartaz. “Crianças e adultos saem pelas ruas brincando, dançando, cantando marchinhas, pedindo dinheiro e fazendo bastante barulho por onde passam”, conta Lucas Lassen, curador e diretor criativo da Paiol, loja de artesanato e arte popular brasileira.

O interessante da arte popular, segundo ele, é a liberdade que dá aos artistas para buscarem suas distintas interpretações sobre um mesmo tema. “La Ursa faz parte do imaginário pernambucano e está nas ruas, nas fantasias e também na cerâmica”, analisa o curador.

Conheça alguns nomes da arte no cenário pernambucano que transferem essa tradição para o artesanato.

1. Lula Vassoureiro

Máscaras de papel machê de Lula Vassoureiro, um dos mais antigos artesãos que representam essa tradição — Foto: Alexandre Disaro / Divulgação

Natural de Bezerros, no Agreste Central, Lula Vassoureiro conta que fez a primeira máscara em 1950, aos 6 anos, para uso próprio. Um dos mais antigos artesãos que carregam a tradição das máscaras de papel machê, ele foi influenciado pelo pai e avô – também excelentes artesãos.

Após muitas décadas fazendo máscaras inspiradas na cultura pernambucana, desde 2014, Vassoureiro é considerado Patrimônio Vivo de Pernambuco, com a incrível marca de mais de dez milhões de máscaras produzidas.

2. Mestre Antônio Rodrigues

Os bonecos de pouco mais de 30 cm do Mestre Antônio Rodrigues representam um homem vestindo a fantasia de urso e são bem fiéis às que são vistas nos carnavais de rua de Pernambuco — Foto: Alexandre Disaro / Divulgação

Mestre Antônio Rodrigues é conhecido por seus bonecos de barro policromados. Nascido em Alto do Moura, bairro de Caruaru, tido como o maior centro de artes figurativas das Américas, ele se tornou ceramista por influência do pai, o Mestre Zé Caboclo, e de amigos como o Mestre Vitalino.

Também se dedica a reproduzir as cenas do cotidiano pernambucano, dentre elas a La Ursa, com figuras de pouco mais de 30 cm, que representam um homem vestindo a fantasia de urso – bem fiéis às que são vistas nos carnavais de rua do Estado.

3. Aline Feitosa

A La Ursa foi a primeira personagem que Aline Feitosa começou a criar e, atualmente, sua produção chega a 300 cachepôs por mês — Foto: Chico Porto / Divulgação

Aline Feitosa veio da área de comunicação, na qual atuou por 25 anos, quando começou a trabalhar com cerâmica por hobby, em 2020. Moradora de Olinda, sempre esteve envolvida no cenário cultural da cidade, por isso seu desejo era fazer peças que unissem as tradições locais e, ao mesmo tempo, tivessem uma função utilitária.

A La Ursa foi a primeira personagem que ela começou a criar a partir do barro e, desde então, nunca mais parou, com seus cachepôs que viraram sucesso. Atualmente, chega a produzir cerca de 300 peças mensais.

Comércio justo ajuda a fomentar o artesanato e a arte popular no Brasil

Loja Paiol e Rede Artesol lideram movimento para trazer dignidade ao setor, que é fonte de renda de 10 milhões de pessoas

Matéria realizada e publicada por Ana Sachs em https://revistacasaejardim.globo.com/artesanato/noticia/2023/01/comercio-justo-ajuda-a-fomentar-o-artesanato-e-a-arte-popular-no-brasil.ghtml

Frequentemente associado a pequenos produtores agrícolas, o conceito de comércio justo – que busca promover padrões produtivos e comerciais responsáveis e sustentáveis – tem ganhado força no mercado de artesanato e arte popular.

A aposta é em relações mais próximas e humanas com os artesãos, para tentar trazer dignidade ao trabalho destes pequenos empreendedores, muitas vezes explorados por comerciantes ou pouco valorizados até mesmo pelo poder público.
Uma das maiores organizações do setor, a Artesol nasceu em 1998 e, desde então, trabalha com ações de fomento ao artesanato e à arte popular no país com base em uma metodologia própria de estruturação de negócios pautada pelos princípios do comércio justo.

“Idealizamos e mantemos uma rede de artesãos, artistas e associações onde o critério para se tornar membro não é o produto em si e, sim, o sistema produtivo, desde que o artesanato seja de tradição cultural”, diz Jô Masson, diretora-executiva da entidade.

Peças da coleção Raízes do Vale, criada pela Paiol em parceria com artesãos do Vale do Jequitinhonha — Foto: Alexandre Disaro / Divulgação

Desde 2006, a Artesol integra a Organização Mundial de Comércio Justo (Word Fair Trade Organization), e as peças criadas nos projetos da rede são vendidas na Artiz, loja no shopping JK Iguatemi, em São Paulo. Além do trabalho em campo, com mentorias e capacitações para os artesãos e associações de pequenos produtores, a organização também tem um canal na internet com mais de 180 aulas gratuitas.

“Um dos maiores exemplos do impacto dessas práticas é a Central Veredas, associação no noroeste de Minas Gerais com artesãs que plantam, cardam, tingem e tecem o algodão natural do cerrado brasileiro. Atualmente, após diversos treinamentos com a Artesol, a Veredas gera trabalho e renda digna para as artesãs que estão sempre inovando e dialogando com o mercado contemporâneo, mas sem perder suas raízes”, conta Jô.

Artesãs do grupo Arte e Talento, de Barreirinhas (MA), trabalham juntas na produção de peça — Foto: Theo Grahl / Divulgação

Artesanato como meio de vida

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor de artesanato movimenta R$ 50 bilhões por ano e é fonte de renda de mais de 10 milhões de pessoas. Mas ainda falta valorização e há pouco incentivo para o ofício, segundo Jô. “É importante ressaltar a necessidade de políticas públicas que priorizem este setor no espectro da economia criativa, considerando seu potencial de relevância patrimonial, mas também de desenvolvimento social e econômico”, destaca.

O trabalho dos artesãos atua na preservação da memória artística e cultural nacional. Sem incentivos, todo esse acervo pode se perder. “Para que ele [artesão] ou o artista popular continue produzindo, é necessário que consigam ter as suas necessidades básicas atendidas“, avalia Lucas Lassen, diretor criativo da Paiol, uma das maiores lojas de artesanato e arte popular da cidade de São Paulo.

Artesãs Anísia Lima fazendo peça da Coleção Raízes de Vale desenvolvida em parceria com a Paiol — Foto: Alexandre Disaro / Divulgação

Para ele, é muito importante incentivar principalmente os mais jovens a acreditarem no ofício de artesão como um meio de subsistência. Sem essa visão de futuro, muito da arte popular brasileira pode se perder ao longo do tempo. “Se o jovem artesão não for incentivado, se ele não enxergar que a atividade é sustentável do ponto de vista econômico e, infelizmente, a tradição vai deixando de existir“, avalia.

Na loja Paiol, um dos cases recentes envolve uma das regiões mais carentes do Brasil, o Vale do Jequitinhonha. “Eu me mudei para Turmalina, em Minas Gerais, durante a pandemia, e este foi um período no qual desenvolvemos diversas oficinas para a criação de novos produtos. Nelas, as artesãs mais experientes ensinaram suas principais técnicas para artesãos mais jovens. Um dos resultados deste trabalho foi a criação da coleção Raízes do Vale“, comenta o empresário.

Na avaliação de Lucas, um dos pontos mais sensíveis – o valor justo pelos produtos – exige diálogo e transparência para que a relação produtor/comerciante aconteça de forma equitativa.

Quando cheguei em alguns locais, percebi uma certa resistência pelo fato de eles já terem sido muito explorados. Por isso, a minha postura sempre foi muito transparente no sentido de mostrar que o valor cobrado do cliente final inclui custos como frete, ações de divulgação, aluguel, salários de equipe, impostos, entre outros. Se estes custos não forem considerados, o negócio não se sustenta e acaba afetando a sustentabilidade do trabalho deles também“, explica.

Grupo de de artesãos passa por formação em projeto da Rede Artesol — Foto: Theo Grahl / Divulgação

Conheça a nova cara da Galeria Metrópole, que forma polo criativo no centro de São Paulo

Designers e empresários migram para o ícone modernista da cidade e querem atrair outro público

Matéria realizada e publicada por Vitória Macedo em https://guia.folha.uol.com.br/passeios/2023/01/conheca-a-nova-cara-da-galeria-metropole-que-forma-polo-criativo-no-centro-de-sao-paulo.shtml

Quem hoje entra na Galeria Metrópole se depara com um cenário um tanto diferente daquele mar de agências de turismo e lojas de câmbio que, nas últimas décadas, povoaram o prédio na região central de São Paulo. É cada vez mais comum o vaivém de uma turma mais moderninha vagando por ali, entre cafés e livrarias, abrindo restaurantes veganos, galerias de arte e casas voltadas ao artesanato brasileiro.

Ícone da arquitetura modernista, o edifício histórico projetado entre os anos 1950 e 1960 por Gian Carlo Gasperini e Salvador Candia já foi, em seus primórdios, um reduto da elite paulistana. Com o fim da pandemia, que fechou as portas de muitos locais tradicionais por ali, a galeria vive uma nova fase.

Galeria Metrópole, projeto de Giancarlo Gasperini – Nelson Kon

Uma das desbravadoras dessa onda é Thaís Mozer, que abriu em setembro a loja de sua confecção, Senhor Coelho, no mesmo box onde até 2020 funcionou o bar Mandíbula. Parte da parede com tijolos à mostra que havia ali se manteve, assim como o balcão onde eram servidos drinques, que hoje é usado como banco para as peças ficarem expostas na vitrine. A escolha de se mudar para a Metrópole pareceu natural. Ela mora no prédio da frente, o Edifício Louvre.

Juliana Amorim é outra que se instalou na galeria recentemente. Na entrada da sua loja, Ju Amora, uma grande frase em neon decora a parede: “Seu real dever é salvar o seu sonho”. “Quero me lembrar disso todos os dias porque não é fácil empreender”, afirma Amorim, que foi atriz e já trabalhou na Europa. Em um ambiente colorido e tomado pelo cheiro de incenso, ela vende diferentes tipos de bancos que produz e pinta.

Ela começou no bairro de Perdizes, mas diz que sempre teve uma paixão pela Galeria Metrópole. Durante a pandemia, afirma ter encontrado um cenário de abandono por ali, com pouca gente circulando e muitas lojas fechadas. Ainda assim, resolveu fazer uma aposta. “Eu comecei a ver várias pessoas olhando para o centro de novo, porque o centro é muito efervescente e faz transbordar a criatividade”, afirma.

Retrato da nova geração de artistas e designers que estão mudando a cara da Galeria Metrópole, antes voltada a agências de turismo e que, após fechamentos na pandemia, vive uma nova fase. Na foto Ju Amora e sua obra, da loja homônima. – Folhapress

Desde que se Amorim se mudou para a Metrópole, alguns outros nomes da indústria criativa vieram junto. Lucas Lassen, por exemplo, abriu uma unidade da Paiol na galeria no mês passado. Seu estabelecimento é uma loja de artesanato brasileiro inaugurada há 15 anos que diz buscar desmistificar a ideia de que esse tipo de arte é elitizado. “A Paiol acaba sendo um link entre esses mundos, ela condensa e amplia, faz conexões, gera acesso para as pessoas conhecerem o Brasil“, diz o curador e empresário.

Ele mantém a sua unidade principal na rua Fradique Coutinho, em Pinheiros, além de outra loja no shopping Center 3, na avenida Paulista. A nova Paiol vem num plano de abrir outras. A clientela, no entanto, ainda é pequena na Galeria Metrópole. “Vamos precisar fazer um trabalho de formação de público”, afirma. “A gente está falando de jovens, de pessoas com menos de 40.

Esse movimento de renovação de ares citado por ele vem acontecendo em todo o entorno —e não está imune às críticas de que promove uma gentrificação. “É preciso entender que a degradação do centro também vem pela exclusão. Eu a vejo como uma via de mão dupla. A gente tem que cobrar [a prefeitura e a segurança pública]“, afirma.

Conheça os novos nomes criativos da Galeria Metrópole

Quem também traz brasilidade para a Metrópole é Antônio Castro, estilista e designer da Foz, fundada em 2020, que une técnicas de artesanato em peças desenvolvidas com grupos de Alagoas, seu estado natal. Ele se mudou para São Paulo em 2014 para fazer faculdade de moda e ficou no centro. Quando começou a procurar um lugar para abrir um espaço e receber os clientes em seu ateliê, olhou para a galeria com atenção.

É ali que ele vai inaugurar, nesta sexta-feira, dia 27, o espaço físico da Foz, com paredes brancas texturizadas, chão de cimento queimado verde, cadeiras de madeira e araras com flores e pássaros esculpidos. “As iniciativas que já estão ocupando esse espaço têm muito a ver com o que eu acredito”, diz. “Ainda há poucas marcas de roupa aqui, mas para o caminho de um design autoral faz sentido que a moda venha para cá também”.

Todos eles dão o crédito de olhar mais para a região ao arquiteto e designer de móveis Paulo Alves. Em 2020 ele se mudou para o edifício onde fica a Galeria Zarvos, bem em frente à galeria Metrópole, e abriu sua loja no térreo.

Retrato da nova geração de artistas e designers que estão mudando a cara da Galeria Metrópole, antes voltada a agências de turismo e que, após fechamentos na pandemia, vive uma nova fase. Na foto Paulo Alves e sua obra, do estúdio Paulo Alves. – Folhapress

Alves encabeçou o selo Criativos do Centro, que tenta dar uma unidade a esse movimento. “Eu fico no pé de todo mundo para vir para cá. De preferência para a minha galeria”, diz o designer, que espalhou vários de seus bancos por ela.

Apesar da fachada discreta da Zarvos, Alves faz da vitrine que dá para a calçada um cenário. Hoje sua loja tem 260 metros quadrados —que alugou pelo mesmo valor que, segundo ele, pagava em 60 metros quadrados na Vila Madalena.

O artista pernambucano Derlon também foi influenciado por Alves e abrirá seu ateliê na Zarvos nos próximos meses, com planos de instalar suas obras inspiradas na xilogravura popular. No primeiro andar, abrirá uma loja de tapetes, a By Kamy, que fará a sua estreia durante a Design Weekend, que acontece em março.

A edição de 2022 do evento, inclusive, já havia jogado luz sobre os artistas que estão no centro, uma vez que contou com circuito na região. Já neste ano, a Feira da Rosenbaum acontecerá na Zarvos, em várias lojas que estão vazias.

“Tem que ter um movimento coletivo. Quanto mais razões as pessoas tiverem para vir para o centro, mais elas vão vir”, diz Alves. Lassen, que tem loja em shopping e em galeria, acredita que a grande diferença entre os dois ambientes talvez seja o senso de coletividade que se criou ao redor da Metrópole —com seus 350 pontos comerciais— e dessa cena criativa que borbulha no centro pós-pandemia. “A gente está vindo reconstruir aqui juntos. A gente vai dar essa cara para a Metrópole.

Galeria Metrópole
Av. São Luís, 187, República, região central

Foz
Espaço físico da marca do designer e estilista Antônio Castro, onde apesenta suas peças de roupa, bolsas e decoração. Inaugura nesta sexta, 27.
2º andar, loja 15

Ju Amora
Loja de bancos decorados e produzidos por Juliana Amorim. Eles tem funcionalidades diferentes: servem para ser mesa, levar ao piquenique ou decorar o quarto da criança.
1º Andar, loja 15

Paiol
Loja de artesanato brasileiro, com curadoria de Lucas Lassen.
1º Andar, loja 25

Senhor Coelho
Espaço físico da fábrica de uniformes Senhor Coelho, fundada por Thaís Mozer. Além de servir para atender aos clientes, ela tem camisas e coleções de roupas para vender.
2º Andar, loja 40

Galeria Zarvos
Av. São Luís, 258, Consolação, região central

Estúdio Paulo Alves
Espaço onde ficam a mostra os trabalhos do designer e arquiteto Paulo Alves, focado na madeira.
Térreo

Paiol abre terceira unidade na histórica Galeria Metrópole

Com produtos artesanais a partir de R$ 30 reais, loja chega ao centro como ótima opção para fazer as compras de Natal

Matéria realizada e publicada por Angelo Miguel Oliveira Lima em https://saladanoticia.com.br/noticia/43917/paiol-abre-terceira-unidade-na-historica-galeria-metropole

Uma das principais lojas de artesanato e arte popular da cidade de São Paulo, a Paiol abre sua terceira unidade trazendo a brasilidade para o centro. No dia 10 de dezembro, sábado, sua nova loja na Galeria Metrópole abre as portas com um coquetel aberto ao público, com peças de mais de 400 artistas populares e comunidades artesanais das cinco regiões do país e com projeto assinado pelo escritório Ori Design de Interiores.

Segundo Lucas Lassen, fundador e diretor criativo da marca, a escolha pelo prédio histórico no centro de São Paulo faz parte de um movimento coletivo de retomada do centro pelos criativos. Nomes como Paulo Alves, Estúdio Niz, Ju Amora e Instituto Socioambiental já estão na região que, em breve, deve receber outros ateliês, showrooms, lojas e estúdios. “Desde o começo do ano, tem havido uma movimentação de artistas e designers com o objetivo de transformar a região da Avenida São Luís em uma espécie de distrito que mistura cultura, arte e design, assim como ocorre em várias outras cidades do mundo. A Paiol não poderia ficar de fora”, afirma. 

Lucas Lassen, diretor criativo da Paiol e Peça de artistas Sil da Capela – Fotos Alexandre Disaro

A Galeria Metrópole, que carrega o título de um dos prédios mais icônicos da cidade, foi projetada em 1960 pelos arquitetos Salvador Gandia e Gian Carlo Gasperini. O prédio se tornou uma referência arquitetônica importante na cidade por ser um projeto que se integra ao espaço urbano ao seu entorno, misturando comércio e espaços culturais, algo que foi se dissipando ao longo do tempo e dando lugar a agências de viagens e casas de câmbio. 

Galeria Metrópole – Foto R.F. Pereira

Na pandemia, muitas dessas lojas acabaram fechando e designers e artistas – que sempre tiveram a vontade de estar no centro – foram ocupando. Isso vem de uma percepção que compartilhamos que é a ideia de que a Galeria deve fazer jus à sua função inicial de refletir um pouco da criatividade, da cultura e do jeito de ser do brasileiro. Uma das melhores formas de fazer isso é trazendo a produção criativa brasileira para o centro, tanto da cidade, quanto da discussão”, finaliza. 

A abertura da loja deve ocorrer no sábado, 10 de dezembro, das 13h às 20h, na Galeria Metrópole, na Avenida São Luís, 187, na República, São Paulo. 

Serviço

Abertura | Paiol Metrópole
Onde: Galeria Metrópole – Avenida São Luís, 187, República – São Paulo
Local: 1º andar, loja 25
Quando: Sábado, 10 de dezembro de 2022
Funcionamento: de Segunda a Sábado, das 11h às 19h
Estacionamento no local
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