Artesanato baiano celebra Iemanjá

Entidade tem homenagens na música, na arte popular e no artesanato

Iemanjá representada no artesanato baianoFoto: Penellope Bianchi

Em 2 de fevereiro, comemora-se o Dia de Iemanjá. Tida como uma das figuras mais populares das religiões de matrizes africanas, a orixá é reconhecida pelo povo Iorubá como a rainha das águas.

No Brasil, o culto em sua em sua homenagem transferiu-se para o mar, visto que no processo de desenvolvimento da religiosidade africana em solo brasileiro, os rios e cachoeiras de água doce foram atribuídos à outra orixá da mitologia iorubá, Oxum.

O estado da Bahia, primeiro local a receber povos de diversas regiões do continente africano por conta do processo de colonização, se estabeleceu como o berço do Candomblé e da Umbanda, tendo o maior número de devotos destas religiões.

Na música, ela está presente em canções de alguns dos maiores ídolos nacionais, como Dorival Caymmi, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gal Costa, entre outros. Nas artes manuais, ela também se destaca em diferentes formatos, técnicas e materiais.

“A Bahia é o local que mais concentra artesãos e artistas populares que representam esta entidade por conta do processo histórico que a levou a ser a região do Brasil com o maior número de pessoas de origem africana. E embora cada artista ou artesão imprima a sua própria identidade, as diferentes Iemanjás que encontramos por lá carregam consigo algumas características específicas que nos permitem identificá-la. O vestido, quase sempre em tons de azul, e o espelho na mão direita são alguns desses elementos”, revela Lucas Lassen, curador e diretor criativo da Paiol, uma das principais lojas de artesanato de tradição e arte popular do país. 

O nome Iemanjá vem da expressão “Yéyé Omó Ejá”, que numa tradução literal seria algo como “mãe cujos filhos são peixes”. Como resultado do sincretismo religioso brasileiro, que associa figuras africanas e indígenas a símbolos da Igreja Católica, Iemanjá também é frequentemente relacionada à Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora das Candeias e até mesmo à Virgem Maria. Por meio da cerâmica, do metal e outras técnicas, artesãos baianos têm utilizado a criatividade para representar sua fé e devoção àquela que é considerada a rainha do mar. 

Jan Araújo | Lençóis, Chapada Diamantina

Nascido em Salvador, mas criado em Lençóis, na Chapada Diamantina, Jan Araújo começou no artesanato por influência de seu pai, que também é ceramista. Com ele, trabalhou dos 13 aos 26 anos, quando decidiu deixar o ofício para se aventurar em outras áreas.

Longe do fazer manual e em outras cidades, ele trabalhou em um campo de Golf e também em lojas de equipamentos para trilhas, visto que a região da Chapada é reconhecida por suas montanhas. “Por mais que a gente tente se afastar da arte, aquele que é artista sempre acaba se reaproximando dela”, revela. E assim ele o fez.

Em 2011, depois de voltar ao ateliê, ele levou algumas peças para uma feira de negócios para artesãos realizada pelo Sebrae. “Lá, eu vendi todas as obras e saí com várias encomendas. Foi o sinal que eu precisava para seguir com este trabalho”, afirma Jan.

Inspirado pela artista plástica Eliana Kertész, Jan Araújo diz gostar de fazer peças “cheinhas”

Embora não siga uma religião de matriz africana, ele diz que a relação com os orixás é parte do cotidiano da Bahia. Como isso, desde muito cedo, as entidades do Candomblé costumam fazer parte de seu portfólio. Para os orixás e outras peças,

Jan desenvolveu um estilo próprio que, segundo ele, é influenciado pelas obras da artista baiana Eliana Kertész (1945-2017), reconhecida por esculturas de mulheres volumosas e com formas arredondadas. “Eu gosto desta ideia de peças gordinhas e, no meu caso, eu acho que a cerâmica favorece este formato. Por isso, a minha Iemanjá é assim, mais cheinha, mas continua carregando os elementos que remetem ao movimento do mar”, completa.

Aless Teixeira |Salvador

Os primeiros trabalhos de Alessandro Teixeira, mais conhecido como Aless, foram ainda na adolescência, por volta dos 16 anos de idade, por influência do pai, que também é artesão. Trabalhando com o latão, o cobre e diferentes tipos de metais, ele passou a criar peças bastante populares no artesanato baiano, como a figura do peixe e as pencas de balangandãs, também conhecidas como jóias de crioulas.

Depois de sair do ateliê de seu pai em 2002, ele abriu o próprio espaço, porém, em seus processos de criação, passou a estudar as contribuições artísticas de outros nomes baianos nas artes como Jorge Amado, Mário Cravo, e também o escultor Tatti Moreno, com quem teve a chance de trabalhar por 12 anos. “Eu trabalhava metade do tempo na minha oficina e a outra metade com o Tatti. Neste período, fui aperfeiçoando minhas técnicas e desenvolvendo a minha identidade estética”, diz Aless. 

Aless utiliza os metais para dar vida às suas criações

Sua relação com os orixás vem de sua religião, o Candomblé, onde ele é Ogã suspenso por Iemanjá, o que significa que elé um tipo de sacerdote que, durante os rituais litúrgicos, atua como uma espécie de zelador da casa, mantendo a segurança e dando suporte a todos aqueles que incorporam os orixás, além disso, é responsável pelo toque dos atabaques e pelas oferendas.

“O terreiro que eu frequento é regido por Iemanjá e a minha relação com ela é muito forte. Por isso, no meu trabalho, eu gosto de manter as características litúrgicas, não só com ela, mas com qualquer entidade religiosa. Acho que é importante manter as características originais”, completa. 

Karla Issa | Salvador

Nascida e criada em Salvador, Karla Issa começou a se interessar pelo artesanato aos 15 anos, quando passou a fazer as próprias roupas, a produzir colares com estética africana feitos com pedrarias e a vendê-los no centro histórico da cidade. “Por parte de mãe, quase todos tinham alguma habilidade artística desenvolvida de forma autodidata. Além disso, nos anos 1970, ainda existia uma aura meio hippie no mundo que nos incentivava a criar coisas”, revela. Mais tarde, ela se formou em Assistência Social, profissão que exerce até hoje e que divide o tempo com os trabalhos artesanais. 

Karla Issa faz pequenos oratórios em homenagem a orixás e santos católicos

Sua relação com os orixás também vem de sua religião. No Candomblé, Karla é Ekedi, posto feminino de alta importância, cuja função é zelar pelos seus companheiros em transe tomados pelos orixás no momento dos rituais. Utilizando materiais majoritariamente reciclados, seus trabalhos estão fortemente ligados às liturgias religiosas. Karla faz escapulários e oratórios, utilizando retalhos de couro, caixas de fósforo e técnicas de pintura. Dentre elas, as peças mais procuradas por clientes costumam ser de Iemanjá.

Mestre Gerard e Elson | Barra

No oeste da Bahia, às margens do encontro entre o Rio São Francisco e o Rio Grande, está a cidade de Barra, onde nasceu o artesão José Geraldo Machado da Silva, mais conhecido como Mestre Gerard, por causa de um apelido de infância que ele adotou como nome artístico. Católico de criação e candomblecista por iniciação, ele utiliza o barro dos rios que cortam a cidade para criar esculturas que refletem o sincretismo religioso.

De forma autodidata e inspirado pelas histórias que ouvia quando criança, de que os escravizados cultuavam os orixás usando santos católicos, ele cria peças que retratam duas imagens em uma. Assim, Oxóssi se mistura com a bravura de São Jorge e as vestes de Nossa Senhora das Candeias com as de Iemanjá, formando peças nas quais as duas crenças convivem em harmonia.


Gerard tem ensinado seu ofício a dezenas de artesãos ao longo do tempo

Além de artesão, Gerard é Babalorixá do terreiro Pai Xangô das Cachoeiras, local onde mora e no qual também funciona seu ateliê escola, onde tem ensinado gratuitamente diversos artesãos. Elson Alves, seu primeiro discípulo, trabalha em conjunto com o mestre desde 1994, não só no ateliê, mas também nas atividades do terreiro. “Ele é meu tio de segundo grau e, boa parte do que sei foi ele quem me ensinou. Dia 2 de fevereiro, para nós é uma data importante, porque fazemos um cortejo especial para Iemanjá que atravessa parte da cidade celebrando a grandeza desta orixá”, finaliza Elson. 

Casa Bonita apresenta uma nova coleção de cerâmica inspirada na obra de Oscar Niemeyer

Peças foram desenvolvidas por artesãs do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais

A partir do dia 30 de janeiro, a Casa Bonita, atacadista do setor de decoração, apresenta a Coleção Linhas e Curvas, inspirada na obra do arquiteto Oscar Niemeyer. A coleção, idealizada por Cecília Rima, diretora da Casa Bonita, Lucas Lassen, curador e diretor criativo da Paiol, e Lucila Turqueto, da Casa de Valentina, conta com 15 peças decorativas de cerâmica feitas por artesãs do Vale do Jequitinhonha.

.“Sempre me interessei pela ousadia e o brilhantismo do Oscar Niemeyer. Numa conversa com a Ciça e o Lucas surgiu a ideia de trazer essa referência para a cerâmica. Depois que as artesãs aceitaram o desafio começamos os estudos e aos poucos a coleção começou a ser construída. Quando ficou pronta o resultado encantou a todos nós”, revela Lucila.

.Produzidas por 15 artesãos de Campo Buriti, Campo Alegre e Poço D’água, as peças ganham uma coloração que puxa para os tons dourados, com pigmentos produzidos naturalmente a partir de diferentes tipos e tonalidades do barro. De acordo com Cecília, o processo durou aproximadamente um ano. “São cachepots, garrafas, vasos, pratos e potes com grafismos que remetem ao legado do arquiteto e, algumas das peças, em formatos que até então não tinham sido criados pelos artesãos”, completa.

Entre as peças, as boleiras se assimilam ao Museu de Arte Contemporânea de Niterói – Créditos Cacá Bratke e Karin Gimenes
Outras travessas têm grafismos em referência à Catedral Metropolitana de Brasília – Créditos Cacá Bratke e Karin Gimenes

Esta é a quarta coleção que resulta de uma parceria entre Cecília, Lucas Lassen e artesãos do Jequitinhonha. Morador de Campo Buriti desde 2020, Lucas se divide entre o Vale e a cidade de São Paulo, e tem sido um agente importante na interlocução entre as artesãs e grandes redes varejistas e atacadistas. Juntos, eles já lançaram Mulheres do Vale, Raízes do Vale e Cores e Mãos do Cerrado. As duas últimas chegaram a ser apresentadas na Maison Objet, uma das principais feiras internacionais de decoração que acontece em Paris, na França.

.“A ideia é sempre buscar a sustentabilidade econômica e social da comunidade por meio do artesanato. Por isso, sempre pulverizamos o trabalho entre diversos artesãos. Neste caso, a produção das peças segue os mesmos moldes das peças tradicionais, mas o que tem mudado é a possibilidade deles utilizarem as mesmas técnicas e a criatividade para ampliar o seu portfólio de produtos sem perder a sua identidade. Isso contribui não só para o aumento da renda na comunidade, mas também estimula os jovens a darem continuidade a esta técnica secular na região”, finaliza Lucas.

.O lançamento ocorre na ABUP Decor Show, evento da Associação Brasileira de Empresas de Utilidades e Presentes, que ocorre até o dia 3 de fevereiro e é voltada para lojistas, arquitetos, engenheiros e designers de interiores. Os visitantes devem se credenciar pelo site.

.Serviço

ABUP Decor Show – Stand Casa Bonita

30 de janeiro a 3 de fevereiro de 2024

PRO MAGNO Centro de Eventos – Av. Profa. Ida Kolb, 513 – Jardim das Laranjeiras, São Paulo

.By Angelo Miguel | Bacuri Comunicação

Imagens: Créditos Cacá Bratke e Karin Gimenes

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Férias em SP: Roteiro cultural para fazer usando a Linha Amarela do Metrô

Linha que liga a zona oeste ao centro de São Paulo, tem em seu entorno, museus, exposições, lojas de arte popular e galeria que é ícone na cidade

Foto: Diogo Moreira / A2 Fotografia

Embora boa parte da população paulistana esteja fora da cidade no mês de janeiro por conta das férias escolares e coletivas, São Paulo se mantém como uma grande fonte de atividades culturais para turistas de outros locais e moradores que decidiram não viajar. Neste sentido, um dos destaques fica para o percurso no entorno da linha amarela do metrô, que interliga a Vila Sônia, na zona oeste, à Luz, no centro da cidade. Transportando cerca de 800 mil pessoas diariamente, a região é reconhecida como o principal pólo cultural de São Paulo por reunir museus, lojas de artesanato brasileiro, galerias, entre outros espaços. Abaixo, listamos algumas atrações que ficam a poucos metros de algumas das principais estações da linha.

Museu da Língua Portuguesa | Estação da Luz

Museu da Língua Portuguesa. Fotos: Dianarchitect / Divulgação

Na cidade com o maior número de falantes da língua portuguesa no mundo, a estação da Luz abriga um museu dedicado à língua. O Museu da Língua Portuguesa foi inaugurado em 2006 com projeto assinado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e é uma iniciativa da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, em parceria com a Fundação Roberto Marinho. Por lá, é possível conhecer a história do idioma, passando por suas raízes latinas e interações indígenas, africanas, árabes, entre outras. O museu mistura diferentes tecnologias, trazendo dezenas de atrações interativas, conteúdo audiovisual e salas imersivas. Entre 2015 e 2021, a instituição esteve fechada por conta de um incêndio. Porém, agora o prédio ganhou aperfeiçoamentos na infraestrutura, recursos de acessibilidade física e segurança. Até o dia 26/01, sempre de terça a sábado, das 10h às 17h, o museu está com a Estação Férias – Brincadeiras Musicais, na qual oferece brincadeiras, jogos lúdicos, karaokê ambulante, oficinas e apresentações artísticas que dialogam com o tema da atual mostra temporária, Essa nossa canção, sobre a relação da língua portuguesa com a canção popular brasileira. Para participar desta programação, não precisa pagar nada: só chegar e brincar.   

Onde: Praça da Luz – Ao lado da Estação da Luz 

Quando: de terça-feira a domingo, das 9h às 16h30. Quem entrar neste último horário pode ficar até as 18h.

Quanto: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada).

Aos sábados, a visitação é grátis. Crianças até 7 anos não pagam.

Mais informações: Venda de ingressos na bilheteria e pela internet

Paiol | Estação Fradique Coutinho

Fotos: Salvador Cordaro

Uma das principais referências em artesanato de tradição e arte popular na cidade, a Paiol é uma loja que reúne trabalhos de mais de 400 grupos e artesãos de todas as regiões do Brasil. Com uma recém-inaugurada unidade na esquina entre a Rua Fradique Coutinho e Arthur de Azevedo, em Pinheiros, da zona oeste de São Paulo, além da venda, o espaço propõe também experiências imersivas. Com cerca de 130m² a loja recebeu uma nova roupagem para promover um mergulho do visitante pelo universo da arte popular brasileira, com referências que passam sobretudo por contribuições indígenas e pelo movimento armorial. Atualmente, é possível visitar a exposição fotográfica “Pelos olhos da gente”, com curadoria de Lucas Lassen, diretor criativo e fundador da marca, e registros feitos pelo fotógrafo Salvador Cordaro. 

Onde: Rua Fradique Coutinho, 172, Pinheiros – a 3 minutos a pé da Estação Fradique 

Quando: segunda a sábado, das 10h às 20h | domingo, das 11h às 18h

Quanto: Entrada gratuita. É possível encontrar trabalhos artesanais a partir de R$ 30,00

Mais informações:  (11) 3063-0175 ou Instagram @lojapaiol 

Instituto Artium | Estação Higienópolis-Mackenzie

Foto: Divulgação

Fundado em 2019, o Instituto Artium de Cultura, instituição sem fins lucrativos, ocupa o Palacete Stahl na Rua Piauí, em Higienópolis. A propriedade de 1700m² e arquitetura eclética, foi construída entre 1920 e 1921 no estilo Luis XVI com objetivo de hospedar a primeira representação diplomática da coroa da Suécia em São Paulo e de servir de residência ao cônsul, o Comendador Gustav Stahl. Ao longo dos anos, o prédio teve sua função como residência familiar de membros da aristocracia brasileira e, mais tarde, como sede das representações diplomáticas do Japão e da Espanha. Em 1980, depois da transferência de sede do corpo diplomático do Japão, a construção perdeu seu uso. Recentemente, o palacete Stahl passou por um minucioso trabalho de restauro visando a manutenção e recuperação de seu valor histórico. Com isso, o prédio passou a receber diversas exposições e atividades culturais. 

Até março, acontece a exposição Terzo Paradiso, do artista italiano Michelangelo Pistoletto. Celebrando 90 anos de vida, ele é um dos principais expoentes da arte povera, movimento artístico que consiste na reutilização de materiais tidos como inúteis, como a sucata, para a formação de esculturas e obras de arte. 

Onde: Rua Piauí, 874 – Higienópolis | a 11 minutos a pé da Estação Higienópolis-Mackenzie 

Quando: terça a domingo, das 9h às 18h

Quanto: Entrada gratuita

Mais informações: contato@institutoartium.org.br ou (11) 3660-0130

Exposição Ensaios para o Museu das Origens

Estações Faria Lima e Brigadeiro

Foto: Letícia Vieira

Até o dia 28 de janeiro, é possível visitar Ensaios para o Museu das Origens que acontece no Instituto Tomie Ohtake, em Pinheiros, e também no Itaú Cultural, na Avenida Paulista. A exposição é inspirada na proposta de Mario Pedrosa para a reconstrução do MAM-Rio depois de atingido por um incêndio em 1978. Para o crítico, além do restauro, devia se repensar o seu papel reunindo, ali, os museus de Arte Moderna; do Índio e do Inconsciente, que já existiam, e os museus do Negro e das Artes Populares, a serem criados. Sua ideia, que nunca se concretizou, agora deu vida à mostra que  está em cartaz em cinco salas das duas instituições e reúne mais de mil itens, entre pinturas, esculturas, documentos, fotografias e vídeos, entre outros. O objetivo é apresentar um percurso pela história do Brasil, tomando a arte e a cultura como alicerces e passando pela memória de múltiplas ancestralidades. Para chegar ao Tomie Ohtake, é possível andar por cerca de 9 minutos partindo da estação Faria Lima. Já para chegar ao Itaú Cultural, é preciso fazer a transferência da linha amarela para Consolação, na linha verde, e descer na Estação Brigadeiro. 

Instituto Tomie Ohtake

Onde: – Rua Coropé, 88,  Pinheiros | 9 minutos a pé da Estação Faria Lima

Itaú Cultural

Onde: Avenida Paulista, 149, Bela Vista | 4 Minutos a pé da Estação Brigadeiro

Quando: terça a sábado, das 11h às 20h  | Domingos feriados, das 11h às 19h

Quanto: Entrada gratuita

Mais informações: Pelo telefone (11)2168-1777  Whatsapp: (11)96383-1663  E-mail: atendimento@itaucultural.org.br

Paiol inaugura unidade em Pinheiros com seleção de itens feitos a mão

Lucas Lassen comanda loja de arte com quatro endereços na cidade
Por Humberto Abdo
5 jan 2024, 06h00

Lucas Lassen, diretor da Paiol (Salvador Cordaro/Divulgação)

Criador da loja de arte Paiol, o empresário Lucas Lassen, 45, comanda na Fradique Coutinho a abertura da sua quarta unidade paulistana. Após seis meses de reforma, o endereço em Pinheiros comporta uma seleção de itens artesanais fabricados e garimpados em diferentes estados brasileiros — empreitada que começou com a venda de tapetes em feiras e bancas.

“Direto de Taubaté para estudar na capital, descobri tapetes de Minas Gerais em uma época em que produtos feitos a mão estavam crescendo”, conta. “Lembro que comecei a vender com 2 000 reais de estoque e esgotei tudo no primeiro dia.”

Envolvido em produções culturais e trabalhos com nomes como o diretor Antunes Filho, em 2019 ele passou a dedicar todo o tempo às vendas de peças feitas a mão e investir em pontos fixos. Hoje mantém espaços na Pompeia, na Paulista e na Galeria Metrópole, na República.

“Nunca quis montar uma galeria, e sim dar acesso a essas criações com técnicas que são passadas por várias gerações.”

Publicado em VEJA São Paulo de 5 de janeiro de 2024, edição nº 2874

Trabalho de artesãs exalta as tradições do Natal por meio de presépios

Conheça a história e as técnicas usadas por três artesãs de diferentes regiões do Brasil

Por Redação Casa e Jardim

Variados estilos de artesanato, passando por argila, palha de milho e arte naïf, revelam as interpretações de três artesãs para o tradicional presépio de Natal. Na imagem, trabalho da artesã Fatinha — Foto: Alexandre Disaro / Divulgação

O presépio é uma forma de celebrar o nascimento de Jesus Cristo na época de Natal e faz parte do imaginário popular e de criações artísticas e artesanais de diferentes regiões do Brasil – país que tem sua fundação fortemente ligada às tradições católicas e ainda mantém mais de 70% da população adepta ao cristianismo.

Através de diferentes técnicas, artesãos de todo o país fazem suas interpretações dos presépios, que remetem à relação cristã com a data. Mas nem sempre foi assim. Embora haja consenso entre historiadores de que a celebração nesta data, antes de Cristo, estava associada ao solstício de inverno para o Império Romano, só muitos séculos depois é que ela passou a integrar o calendário cristão com este significado.

O presépio é a representação de uma cena clássica carregada de simbologias e reproduzida há vários séculos por artistas com técnicas e estilos distintos. O que não pode faltar é a união dos três personagens principais, Jesus, Maria e José, que, eventualmente, estão cercados por ovelhas e outros elementos cênicos.

“Na arte popular, temos algumas artistas que passam por referências remetendo à arte naïf e às figurativas, sempre buscando trazer esta cena que está intimamente ligada à compreensão ocidental do que é o Natal”, explica Lucas Lassen, curador e diretor criativo da Paiol, loja especializada em artesanato de tradição e arte popular brasileira.

Para conhecer um recorte da interpretação artística dessa tradição, listamos o trabalho de três artesãs de diferentes regiões do Brasil. Confira abaixo!

Angela Sampaio – Taubaté, São Paulo

Angela Sampaio, do grupo Figureiros de Taubaté, de São Paulo, cujas criações remetem à arte naïf — Foto: Divulgação

Nascida em Taubaté, no interior de São Paulo, Angela Sampaio pertence à terceira geração da família no artesanato. Sua relação com o barro, portanto, começou na primeira infância: quando tinha por volta dos 8 anos, na década de 1960, começou a usar a argila despretensiosamente para reproduzir tudo o que via.

“Para ter com o que brincar, eu comecei a criar cachorros sentados, deitados, em pé ou se espreguiçando. Depois, passei a reproduzir as pessoas, as casas e tudo aquilo que me chamava a atenção”, conta a artesã, que, junto da mãe e dos irmãos, costumava buscar a argila às margens do rio Itaim, que corta a região do Vale do Paraíba.

Após várias décadas usando o barro para recriar cenas do cotidiano, o ofício se tornou a sua principal fonte de renda. Em seu atual portfólio, os animais continuam presentes, mas foram incluídos, sobretudo, personagens de festas populares, santos e outros símbolos religiosos.

Presépio “Chuva de Pássaros”, de Angela Sampaio, sintetiza seu portfólio formado por animais, personagens de festas populares, santos e outros símbolos religiosos — Foto: Divulgação

Suas obras remetem à arte naïf, termo francês que significa o trabalho autodidata retratando a verdade, a natureza sem artifício ou esforço, como no caso de Angela, inspirada pelos reflexos de seus sentimentos e espontaneidade.

Pertence ao grupo Figureiros de Taubaté, que, atualmente, reúne pouco mais de 20 artesãos, sua história com a confecção dos presépios também começou com sua avó, que costumava criar peças sob encomenda para religiosos e até igrejas da região. “Eu gosto mesmo é de fazer as peças pequenas. Quanto menor a obra, mais eu me encanto”, revela.

Fatinha de Olhos D’água – Alexânia, Goiás

Fatinha de Olhos D’água, de Alexânia, Goiás, usa palha de milho em suas obras — Foto: Divulgação

A história com o artesanato da mestra artesã Maria de Fátima Bastos, popularmente conhecida como Fatinha, começou ainda criança. Neta e filha de artesãs, ela cresceu vendo as duas tecendo manualmente colchas de algodão e produzindo bonecas de pano.

Por volta 7 anos, para driblar a infância humilde com criatividade, ela passou a usar a palha de milho das plantações dos arredores de Olhos D’água, vilarejo de Alexânia, no interior de Goiás, para produzir bonecas.

A profissionalização veio em 1999, após participar de uma rodada de negócios. Foram tantos os pedidos, que percebeu necessitar de ajuda. “Com isso, eu passei a ensinar vizinhos, amigos e alguns jovens da cidade”, lembra.

Tradicional presépio de Fatinha de Olhos D’água, com amarrações de palha de milho — Foto: Divulgação

Católica, algumas de suas peças que mais se destacam estão ligadas às manifestações culturais e símbolos do catolicismo. Seus tradicionais presépios, feitos a partir de amarrações da palha, são reconhecidos em todo país e fora dele. Inclusive suas santas de palha foram oferecidas como um presente do Brasil ao Papa Francisco em uma de suas visitas ao país.

Edneide Vitalino Neta – Caruaru, Pernambuco

A artesã Edneide Vitalino Neta, de Caruaru, Pernambuco, que trabalha com o barro — Foto: Divulgação

Edneide Vitalino faz parte de uma das famílias mais tradicionais da arte popular pernambucana. Neta do Mestre Vitalino, principal expoente da arte figurativa brasileira, ela começou no artesanato aos 8 anos. Desde então, não parou mais, e já são 47 anos de vida trabalhando com o barro.

A inspiração da artesã, terceira geração da família, vem do cotidiano do agreste e das vivências nordestinas. “A influência do meu avô no trabalho dos artesãos da região é muito forte, então, o que eu faço tem a mesma linguagem das peças deles. A vida no campo, os bois, as festas populares, os músicos do forró, tudo me serve de inspiração. Mas os presépios, eu aprendi com a minha mãe, que sempre esteve ligada às figuras religiosas”, conta.

Presépio de Edneide Vitalino retrata sua inspiração, que vem do cotidiano do agreste e das vivências nordestinas — Foto: Divulgação

Ao lado de seus outros 12 irmãos – todos envolvidos com a arte popular – ela tem contribuído para manter viva a tradição que transformou a região de Caruaru no maior centro de arte figurativa das Américas, reconhecida internacionalmente por figuras como o Boi, o Cangaceiro e as peças que retratam famílias retirantes.

Mostra fotográfica enaltece o trabalho de renomados artesãos brasileiros

A mostra com imagens do fotógrafo Salvador Cordaro retrata rostos da arte popular e do artesanato brasileiro

Por Rafaela Freitas

Matéria realizada e postada no site https://revistacasaejardim.globo.com/artesanato/noticia/2023/11/mostra-fotografica-enaltece-o-trabalho-de-renomados-artesoes-brasileiros.ghtml
Mostra fotográfica em Pinheiros, São Paulo, retrata rostos de artesãos brasileiros por trás das peças já conhecidas. Na foto, o artista Jasson, de Alagoas — Foto: Salvador Cordaro / Divulgação

Determinado a manter viva a memória do artesanato brasileiro, Salvador Cordaro leva ao bairro de Pinheiros, em São Paulo, uma mostra com nove retratos de nomes ilustres do cenário artístico regional. O evento é organizado pela Paiol, marca dedicada à promoção da arte popular e do artesanato, e sediado durante a reabertura da loja.

Inaugurada em 11 de novembro, a mostra Pelos Olhos da Gente é composta por fotografias em preto e branco, retratando os artesãos e suas obras em contraceno a uma lona e um assoalho de madeira.

“Tenho fotografado artistas de diversas vertentes há alguns anos, e o que mais me interessa neste processo é a possibilidade de ajudar a registrar parte da história do nosso país, criando imagens que farão parte da nossa memória coletiva”, diz Salvador.

Tiago Amorim, artesão de Pernambuco, é conhecido pelas artes em cerâmica — Foto: Salvador Cordaro / Divulgação
Sil da Capela, artesã alagoana que transforma barro em obras de arte — Foto: Salvador Cordaro / Divulgação

Já para Lucas Lassen, diretor criativo e curador da Paiol, a iniciativa aproxima o visitante dos artesãos q4es estão por trás de peças que já fazem parte do nosso imaginário. “É muito comum que as pessoas identifiquem as obras de grandes mestres como Sil, Jasson e Aberaldo, muitas vezes, antes de conhecer os rostos e as mãos por trás daquela criação. Por isso, registrar e mostrar o artesão também é uma forma de conectá-los com aqueles que admiram seus trabalhos”, afirma Lucas.

A loja da Paiol, localizada na Rua Fradique Coutinho, lançou com a exposição o oferecimento de experiências imersivas para além das peças artesanais já conhecidas pelos visitantes. Em adição, o espaço recebe uma nova aparência, com a missão de promover um mergulho pelo universo da arte popular, dando atenção, sobretudo, à arte indígena e ao movimento armorial – conhecido por prestigiar o fazer popular nordestino.

Loja da Paiol, em Pinheiros, tem pinturas do artista Waxamani Mehinaku, com pinturas artísticas ligadas à sua etnia do Alto Xingu, no Mato Grosso. Em outros espaços, a artista paulistana, Carol Shimeji, atualiza e reinterpreta símbolos do Movimento Armorial — Foto: Salvador Cordaro / Divulgação

Exposição fotográfica em Pinheiros abre espaço expositivo na Paiol

Com realização da Paiol, mostra de Salvador Cordaro retrata expoentes da arte popular e do artesanato

Bacuri Comunicação

Salvador Cordaro e Paiol

A partir do dia 11 de novembro, a Paiol, marca dedicada à promoção da arte popular e do artesanato brasileiro, abre em Pinheiros a exposição fotográfica Pelos Olhos da Gente. A mostra traz 9 retratos de mestres artesãos reconhecidos pela sua grande contribuição na formação da identidade cultural de suas regiões. Os mestres Cornélio, Francisco Graciano, Luis Antônio, Sil da Capela, Jasson, Aberaldo, Ismael, DIN e Tiago Amorim foram retratados pelas lentes do fotógrafo e artista visual Salvador Cordaro. 

De acordo com Lucas Lassen, diretor criativo e curador da Paiol, esta é uma iniciativa que visa aproximar o visitante às histórias dos artesãos que estão por trás de peças que fazem parte do nosso imaginário. “É muito comum que as pessoas identifiquem as obras de grandes mestres como Sil, Jasson e Aberaldo, por exemplo, muitas vezes, antes de conhecer os rostos e as mãos por trás daquela criação. Por isso, registrar e mostrar o artesão também é uma forma de conectá-los com aqueles que admiram seus trabalhos”, afirma Lassen. 

Os registros feitos por Cordaro, com estética PB (preto e branco), diante de uma lona simples ao fundo e assoalho de madeira, trazem a simplicidade necessária para colocar os artesãos como elementos centrais da imagem. “Tenho fotografado artistas de diversas vertentes há alguns anos e o que mais me interessa neste processo é a possibilidade de ajudar a registrar parte da história do nosso país, criando imagens que farão parte da nossa memória coletiva”, completa o fotógrafo. 

Experiências imersivas

Lucas Lassen convidou artistas brasileiros para compor a nova identidade visual da loja – Fotos Salvador Cordaro

O evento marca a reinauguração da unidade da Paiol na rua Fradique Coutinho, em Pinheiros, da zona oeste de São Paulo, que agora, além da venda de peças artesanais, propõe também experiências imersivas. Com cerca de 130m² a loja recebe uma nova roupagem que visa promover um mergulho do visitante pelo universo da arte popular brasileira, com referências que passam sobretudo por contribuições indígenas e pelo movimento armorial. 

Para tanto, dois artistas foram convidados para compor ilustrações que decoram as paredes, o teto e as duas fachadas da loja que tem entradas pela Fradique e pela Arthur Azevedo. Com pinturas artísticas ligadas à sua etnia do Alto Xingu, no Mato Grosso, o jovem artista Waxamani Mehinaku, transporta para as paredes pinturas corporais utilizadas em rituais e no cotidiano da aldeia. 

Em outros espaços, a artista paulistana, Carol Shimeji, atualiza e reinterpreta símbolos do Movimento Armorial, iniciativa artística que eleva a arte popular para uma expressão erudita nas artes plásticas, na música e na literatura com raízes nordestinas. “É mais uma forma de homenagear a riqueza da produção artística genuinamente brasileira”, completa Lucas. 

Serviço

Paiol | Fradique

11 de novembro, sábado, das 11h às 20h

Onde: Rua Fradique Coutinho, 172 – Pinheiros, São Paulo

Entrada gratuita

4 pais que encontraram no artesanato uma paixão e o sustento de suas famílias

Neste Dia dos Pais, conheça quatro artesãos brasileiros que vivem da arte e tentam passar o conhecimento para seus filhos

Por Ana Sachs

Matéria realizada e postada no site https://revistacasaejardim.globo.com/artesanato/noticia/2023/08/4-pais-que-encontraram-no-artesanato-uma-paixao-e-o-sustento-de-suas-familias.ghtml POR Ana Sachs
O Mestre J. Borges tem 18 filhos, dos quais cinco seguiram o caminho do pai — Foto: J. Borges / Arquivo Pessoal

Ainda que dominado por mulheres, o artesanato e a arte popular também têm muitos representantes homens. Alguns deles, pais de mais de um filho, encontraram na atividade uma paixão e forma de garantir o sustento de suas famílias.

Muitos chegaram ao ofício influenciados pelas esposas, mas outros encontraram nas artes uma forma de expressão e mudança de vida. Segundo Lucas Lassen, diretor criativo da Paiol, loja de arte popular e artesanato de tradição, são homens que, após trabalhar em serviços pesados, veem no ofício uma alternativa.

Vasos de barro feitos pelo artesão Getúlio, de Campo Alegre (MG) — Foto: Alexadre Disaro / Divulgação

“Alguns herdam essa habilidade artística da própria família. Mas outros a desenvolvem a partir da necessidade ou após se verem obrigados a ficar em casa por problemas de saúde ou pela perda do emprego formal. Com isso, além de se transformar em um ofício, o artesanato também se torna uma ferramenta terapêutica, que melhora a relação entre pais e filhos”, fala Lucas.

Conheça alguns destes pais artesãos!

Mestre J. Borges

Com mais de 60 anos ininterruptos de carreira, José Francisco Borges, conhecido como Mestre J. Borges, é uma das principais referências em xilogravura no Brasil. Natural da cidade de Bezerros, em Pernambuco, é dono de uma técnica própria de talhar e colorir a madeira. Pai de 18 filhos, conta com a companhia de cinco deles no ofício das artes, trabalho com o qual ele sustenta a grande família desde a década de 1960.

Xilogravura “Forró Nordestino”, obra do Mestre J. Borges — Foto: J. Borges / Arquivo Pessoal

“Eu só comecei na xilogravura, porque decidi escrever cordéis. Embora o cordel seja uma arte linda, eu acho que a ilustração traz um encanto para a publicação, mas mandar ilustrar era muito caro naquela época. Por isso, eu decidi ilustrar os meus próprios folhetos usando a técnica da xilo”, conta J. Borges.

Bacaro Borges, de 22 anos, é o mais novo de todos e começou a produzir os seus primeiros trabalhos de xilogravura aos 5 anos, com o auxílio do pai e dos irmãos mais velhos.

Bacaro Borges, filho do Mestre J. Borges, segue o caminho do pai no artesanato — Foto: Paiol / Divulgação

“O que nos diferencia é a vivência. Parte da arte do meu pai apresenta histórias contadas há mais de 60 anos. E mesmo que eu tenha um traço que retrata o Nordeste de forma muito parecida com a dele, percebo que tenho inspiração no hoje, nas demandas sociais, na política e outros temas mais atuais. No que depender da gente, esse trabalho vai seguir por muitas gerações na família”, diz o jovem.

Sr. Gervásio

O artesão Gervásio de Oliveira Santos vive da arte há 30 anos. Natural de Prados, cidade turística próxima a Tiradentes, em Minas Gerais, trabalhou no campo antes de se encontrar na profissão. “Eu fiz todo tipo de serviço disponível na roça. E foi lá mesmo que comecei no artesanato por incentivo do meu cunhado”, relembra.

O pai de quatro filhos é conhecido pelos banquinhos que representam animais silvestres e da fazenda, feitos com madeira de demolição encontrada na região. O mais famoso é o de onça, com pintura amarela e pintas pretas. Em 2022, em parceria com a Paiol, ele lançou o banco Pantera Negra, idealizado por Lucas Lassen.

O Sr. Gervásio tem quatro filhos e trabalhou na roça antes de se tornar um artesão — Foto: Theo Grahl / Divulgação

Atualmente, Gervásio tem a ajuda do filho mais novo, de 15 anos, que demonstrou interesse pelo artesanato. “A gente quer ver nossos filhos saudáveis e felizes, mas se ele decidir ser artesão, eu vou gostar”, comenta.

Bento de Sumé

Bento Medeiros Gouveia atua há 23 anos no artesanato com madeira. Natural da cidade de Sumé, na Paraíba, que rendeu o apelido pelo qual é conhecido, ele teve um longo caminho antes de chegar às artes. Vivendo em São Paulo, foi ajudante de caminhoneiro por 18 anos até ser atropelado, acidente que o obrigou a ficar 4 anos parado e com a renda comprometida.

Durante um passeio, encontrou um palete na rua e decidiu levá-lo para casa. Da peça nasceram os primeiros passarinhos, uma girafa e uma Nossa Senhora Aparecida, trabalho que serviu como terapia. “Um vizinho viu e insistiu para eu levar a uma feira, mas eu não consegui e acabei dando as peças para as crianças do bairro”, conta.

Bento de Sumé tem dois filhos e começou no artesanato depois de um acidente — Foto: Paiol / Divulgação

De volta a Sumé, ele começou a trabalhar com a umburana, madeira abundante na região. Com o sucesso de duas criações entre os turistas, passou a vender as peças em feiras e lojas, tornando-o um dos principais nomes do artesanato paraibano. A arte ajudou Bento a criar os dois filhos, que, hoje, moram em São Paulo e não seguiram a profissão do pai.

Getúlio Lima Francisco

Pai de dois filhos, um de 12 anos e outro já adulto, Getúlio começou no artesanato há cerca de 2 anos. Antes, ele trabalhava como pedreiro até machucar a coluna e ser mandado embora, em 2019.

Morador de Campo Alegre, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, uma das mais importantes regiões cerâmicas do Brasil, ele não enxergava o artesanato como uma possibilidade de trabalho. “Essa sempre foi uma atividade muito feminina, para complementar a renda, mas até pouco tempo atrás não era comum ver gente sustentando a casa com a cerâmica”, revela.

Getúlio é pai de dois filhos e começou no artesanato há dois anos e meio — Foto: Alexadre Disaro / Divulgação

Com tempo livre na pandemia, decidiu participar oficinas de criação, uma delas, promovida por Lucas Lassen com artesãos locais junto ao Instituto Sociocultural do Jequitinhonha. Acabou gostando do ofício e, atualmente, junto à esposa, produz vasos e flores usando as técnicas e tradições que dominam a região há mais de seis gerações.

“Meu filho mais novo já começa a fazer uma peça ou outra. E essa é uma das coisas mais valiosas que o artesanato tem me trazido: a possibilidade de estar dentro de casa e vendo meu filho crescer junto comigo”, destaca.

Eventos na CASACOR trazem intervenção artística e roda de conversa sobre o papel feminino no setor

Live Painting e bate-papo ressaltam a força da produção feminina

Matéria publicada pelo site https://gazetadasemana.com.br/noticia/125168/eventos-na-casacor-trazem-intervencao-artistica-e-roda-de-conversa-sobre-o-papel-feminino-no-setor
Divulgação

Em cartaz em São Paulo até o começo de agosto, a CASACOR acontece no Conjunto Nacional, no centro da cidade. No dia 26 de julho, próxima quarta-feira, algumas atividades estão previstas, trazendo uma intervenção artística e discussões sobre design, decoração, arte, responsabilidade social e o papel das mulheres em todas estas áreas. 

Bate-papo | Mulheres no Design, Arte, Artesanato e sua Responsabilidade Social

Buffet Abrigo, peça de Maria Fernanda no Ku’Ya, espaço de Stefanie Ribeiro que também reúne peças de Emediato e Suguikawa

Às 16h, em um bate-papo no Caracol Bar, espaço da Viganó Arquitetura, Stefanie Ribeiro,  Maria Fernanda Paes de Barros, Maria Helena Emediato e Karol Suguikawa discutem a participação da mulher nos campos do design, da arte e do artesanato. Com projetos que mesclam expressão criativa, sustentabilidade e responsabilidade social, seus trabalhos têm contribuído para questionar a hegemonia patriarcal no setor. 

Na conversa, elas devem discutir projetos colaborativos que visam o desenvolvimento comunitário, o uso do design como instrumento de transformação social, a arte e o design como ferramenta de inclusão de mulheres pretas, indígenas, quilombolas, rurais, LGBTQIA+, além de trazerem exemplos de parcerias com responsabilidade social.

“É uma oportunidade de ouvir mulheres de diferentes idades, etnias e experiências distintas, mas que têm usado seus potenciais criativos para criar projetos de impacto”, afirma Maria Fernanda.

Live Painting com a artista Ju Amora | Espaço Refúgio Conexão

Cores e Mãos do Cerrado fazem parte do Espaço Refúgio Conexão, de Isabella Nalon, que ressalta o feito à mão

No mesmo dia, das 14h às 19h, o espaço Refúgio Conexão, da arquiteta Isabella Nalon, recebe uma ação de live painting com a artista Ju Amora, que ficou nacionalmente conhecida por suas pinturas artísticas em bancos de madeira.

Sua primeira participação na CASACOR se dá por conta da coleção Cores e Mãos do Cerrado, que traz vasos artesanais de cerâmica produzidos por artesãos do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. “A pesquisa envolveu um estudo das diversas cores e referências culturais encontradas no bioma cerrado, o que nos permitiu chegar a uma paleta e a desenhos que ressaltam as características físicas e ambientais da região”, revela. 

Idealizada por Lucas Lassen, diretor criativo da Paiol, loja de arte popular e artesanato de tradição, a coleção é resultado de uma integração de saberes e fazeres artísticos, tendo como objetivo estimular a criação e a versatilidade de técnicas ancestrais produzidas na região. 

A ação é uma iniciativa de Isabella Nalon, Paiol, Casa Bonita e CASACOR. Ao final, os vasos serão doados a uma instituição escolhida pela equipe da CASACOR. 

SERVIÇO

Live Painting –  CASACOR
26 de julho de 2023 | Quarta-feira 
Onde: 
Espaço 40 | Isabella Nalon Arquitetura e Interiores | Das 14h às 19h
Caracol Bar | às 15h
Conjunto Nacional | Avenida Paulista. 2073 – São Paulo, SP

Pequenos negócios geraram 76% dos novos empregos em abril

O setor de Serviços foi responsável por mais da metade das vagas abertas no período, segundo o Sebrae

Por Da Redação

Matéria realizada pelo Jornal da Band, em 19/07/2023

Os pequenos negócios continuam na posição de protagonistas em relação aos empregos gerados no país. Levantamento realizado pelo Sebrae, com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), revela que 76% dos postos de trabalho criados em abril foram desse segmento. Do total de 180 mil novas vagas, 136,3 mil estavam nas micro e pequenas empresas contra 33,8 mil nas de médio e pequeno porte. A Administração Pública foi responsável por 4,6 mil.

“Mais uma vez, o segmento mostra a sua importância para a redução do desemprego e fome no país. Após o impulsionamento de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano, a expectativa é que o resultado seja ainda melhor nos próximos meses e que um número maior de novos postos seja criado”, comenta o presidente do Sebrae, Décio Lima.

Os pequenos negócios de todos os setores analisados apresentaram saldo positivo. O setor de Serviços foi a principal força motora de empregos do país, apresentando um total de 69,4 mil novas vagas, ou seja, seis a cada dez novos postos surgiram nesse setor. A Construção ficou na segunda posição, com 25,1 mil; seguida pelo Comércio, com 24,5 mil empregos; Indústria da Transformação, com 11,3 mil; Agropecuária, com 4,2 mil; Extrativa Mineral, com 886; e Serviços industriais de utilidade pública (SIUP), com 794.

Acumulado

Entre janeiro e abril de 2023, foram geradas 705,7 mil novas oportunidades no Brasil, sendo que 540,5 mil foram de responsabilidade aas micro e pequenas empresas, o que representa 76% desse saldo. Já as médias e grandes empresas fomentaram 83,2 mil novos postos de trabalho, o equivalente a 11,7% do total de vagas criadas no período. “Os pequenos negócios continuam mantendo a regularidade na participação do volume de novos empregos nos últimos anos. Em fevereiro, o segmento chegou a representar 85% das vagas”, observa Décio Lima.

No acumulado do primeiro quadrimestre, os pequenos negócios do setor de Serviços geraram 312,3 mil vagas, seguidos por Construção, com 110,8 mil, e Indústria da Transformação, com 94,3 mil. Embora o Comércio tenha apresentado saldo positivo nos últimos dois meses, o setor ainda está com saldo negativo de 15,6 mil no acumulado do ano. Esse resultado pode ser atribuído, em grande parte, ao mês de janeiro que, tradicionalmente, tem um número grande de demissões por causa das contratações que são feitas apenas para as festas de fim de ano.